sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O Último Japonês, “Bota-Pra-Moer” e Outras Histórias

Antes de voltar a tratar de temas específicos de nosso cotidiano, resolvi contar três histórias interessantes que podem trazer reflexões a todos que participam da vida pública e em especial para os operadores da comunicação.

Debatendo Consigo

Certo polemista, cuja memória me falha e o nome fico devendo, trabalhava, ao mesmo tempo, para dois jornais antagônicos (algo como a Mirante e o Jornal Pequeno da época). Por encomenda dos patrões, escrevia – sob pseudônimos, claro – artigos que só faltavam xingar a mãe um do outro como se não fosse a mesma.

Bota-Pra-Moer

Este era uma figura folclórica que, completamente louco, empunhava a flâmula vermelha, na frente de revoltosos dispostos a invadirem o Palácio do Governo, na greve de 1951, quando, perto de um ninho de metralhadoras, num estalo de consciência, chamou os líderes e disse : " Até aqui levei a bandeira. Agora, arrumem um mais doido que eu”.

O Último Guerreiro Japonês

Shoichi Yokoi foi o último soldado japonês a ser localizado numa ilha 28 anos após o termino da segunda guerra mundial. Pensando que os panfletos jogados informando o fim do conflito eram manobras do inimigo, aguerrido, prolongou o combate imaginário por quase trinta anos, mantendo-se fiel á causa perdida.

Começando pelo soldado japonês, presume-se que todo militante ou combatente deva responder a duas perguntas básicas: o que sou e o que quero? Meditar sobre isso evita descuido com a realidade e impede mergulho em batalhas perdidas. No sentido de que batalhas serão sempre menores que a guerra, para um soldado consciente e bem informado.

Lembrando que há diferença básica entre anonimato e sigilo da fonte, quando este último tem garantia constitucional e o primeiro é considerado ilegal pela mesma. Receio, com efeito, que os anônimos sempre escolhem algum “bota-pra-moer”. Resguardados pela névoa permitida, eles, os anônimos, tratam de seus interesses secretos enquanto ofertam malucos para serem metralhados por processos.

Por fim, o polemista de dupla jornada é só pra lembrar que há debate bom, ruim, péssimo e excelente. Como um juiz que busca bons pontos de vistas por esteio de suas decisões, a sociedade deseja a divergência. Pelos meios tão absurdos quanto a história aqui lembrada, somos retroalimentados um pelo outro. Por isso, sob nenhum critério, creio compensar o digladio rasteiro e a desmoralização de nosso papel. A não ser que a irracionalidade vença, pois, “o coração tem razões que a própria razão desconhece” e “o cérebro tem emoções que o coração desconhece”.

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