sábado, 14 de abril de 2012

Também Sobre Inversão de Valores



Por: Almir Moreira – Advogado
Gostei do texto do ex-vereador Carlos Henrique. Filho de peixe peixinho é. CH, como é carinhosamente chamado, postou neste Blog artigo onde trata tema interessante relativo aos valores e costumes sociais de hoje. É um convite à reflexão. Seu texto constata, diz com sabedoria ocorrer em nossos dias uma total inversão de valores, em síntese apertada, o honesto é besta e o desonesto é sábio. No final repudia essa situação e conclama a todos prá não permitir sua eternização. Não fica na lamuria.

Num Júri, ano passado, durante o tempo para a defesa eu disse isso, com esse mesmo espirito, o caso exigia.

De fato há flagrante inversão de valores nos dias de hoje. As reclamações de Rui Barbosa, longe no tempo, né!, imagine as da TORA!, escritas muitos séculos antes dos queixumes de Barbosa, e trata entre seus temas de matéria igual a essa. A inversão de valores é velha, em alguns instantes históricos ela aparece mais em outros ela se disfarça.

Parece, vejam bem, digo parece, que a cada momento de avanço no desenvolvimento tecnológico de certas culturas corresponde  mudanças importantes - extravagantes, luminosas e corruptas - nas relações sociais. No apogeu Grego as ocorrências sociais de lá guardam enorme semelhanças com as de hoje. Roma não foi diferente. São Paulo em suas epistolas combateu muitas práticas hoje em voga. E elas datam de quando? Do apogeu Romano.

Não há nada para se espantar, há para se renovar, não há nada neste mundo que não traga na novidade o germe da mudança.


No Brasil só há 30 anos - um pingo no oceano do tempo histórico - começamos a desfrutar as benesses das liberdades públicas e civis.

No primeiro momento, este ainda é o primeiro momento, estamos vivenciando-as na "plenitude", sem regras claras. Nossa legislação relativa à mídia, por exemplo, não está clara. Liberdade de expressão comumente se confunde com libertinagem. A legislação eleitoral é um Deus nos acuda! Arcaica, privilegia o mais abonado. As regras para o Judiciário e o órgão do ministério publico deixam brechas para tramas das mais escusas! Mas tudo fruto desse momento, coisa pra indignar e suscitar reflexão como com maestria fez C. Henrique, porém, prontas para a superação.

Só superaremos ou amenizaremos a situação constatada por Carlos Henrique com mais democracia participativa, a exemplo da tal lei ficha limpa - aprovo seu espirito, seu âmago é inconstitucional, sim, prá ampliar a democracia não precisa estuprá-la. A exemplo ainda do que CH disse, gente antes intocável já foi tocada.

Regra nova para aprofundar a democracia é a saída. Exemplos? Lá vai uns: fim da reeleição para o executivo, limitação de mandatos legislativos, restrição da propaganda eleitoral – limitação de comícios, proibição de carreata, propaganda mais intensiva no radio e televisão sem filmes só com o candidato. Escolha dos Juízes do STF pelos órgãos ligados a Justiça, OAB, ABI e representantes de outras entidades civis; com mandato para estes Juízes.  Esses são alguns exemplos no meio de muitos para higienizar nossas relações sociais e políticas, e um chute nessas regras que legitimam e aprofundam essa latente inversão de valor, quer no meio político como no social. A eternização dessa recorrente inversão de valores não ocorrerá, ela será apenas aparente, o aprofundamento da democracia participativa será seu carrasco. É uma questão de tempo. O apogeu da tecnologia pela primeira vez na história, por conta do capitalismo sem fronteiras, consagrou a liberdade e com ela a libertinagem será derrogada.

Carlos Henrique foi na mosca, seu grito não é solitário é a continuação do grito de Rui Barbosa, ecoa com altivez, as iniquidades e as nulidades não triunfarão.

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