terça-feira, 11 de dezembro de 2012

E você, Faria o Quê?



Início da tarde de segunda-feira (3/12) passada em Nova York. Na estação de metrô da Rua 47 com a Sétima Avenida, um morador de rua arruma encrenca com um desconhecido na plataforma da linha Q. Cena urbana corriqueira num sistema de transporte utilizado diariamente por 5,2 milhões de usuários. Após uma altercação rápida, o encrenqueiro empurra o senhor de 58 anos para o fosso de trilhos da estação. Na plataforma, alguns passageiros gritam, outros agitam os braços ou ouvirem o apito do trem. Mas o condutor já nada pode fazer. A vítima também não – restou-lhe a eternidade de quinze segundos para ver o vagão de frente.

No dia seguinte, o tabloide New York Post estampou uma foto (acima) de página inteira que mostra o trem adentrando a estação com seus dois faróis a iluminar a tragédia anunciada. No fosso, vê-se a vítima de costas voltada para o vagão, a tentar erguer-se para a plataforma. Os últimos poucos metros ainda os separam. Sobre a imagem, um título em letras garrafais: “CONDENADO – empurrado sobre os trilhos, este homem vai morrer”.

A partir daí o morto foi esquecido, tragado por outra polêmica: é dever do fotógrafo – profissional ou amador – intervir quando uma tragédia se apresenta à sua frente? É jornalismo ou voyeurismo induzido publicar uma imagem de morte iminente, de impacto previsível sobre a emoção e a imaginação do leitor?
Texto de Dorrit Harazim, para o Observatório da Imprensa. Continue Lendo (Aqui). 

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