Depois de ameaçar incendiar a opinião pública as denúncias de corrupção no judiciário ocupam cada vez menos espaço nos meios de comunicação e rumam melancolicamente para o esquecimento. Ensaiada pra ser uma catarse apimentada ou, ao menos uma tentativa de investigação de fatos graves, dos quais se houve falar a muito tempo, agora se perde com forte cheiro de orégano no ar.
No clímax dos acontecimentos até uma CPI chegou a ser proposta. Entre deputados poucos teriam coragem de “apontar o dedo” para os juízes acusados ou suspeitos de corrupção, segundo declarou uma liderança dos magistrados. Diante do silêncio eloqüentemente comprometedor dos parlamentares as apurações ficaram, como de praxe, ao encargo das herméticas corregedorias.
Passo seguinte, as denúncias de compra de sentença envolvendo políticos, juízes e até ocupantes da corte eleitoral regional saíram de foco. Na opção de expor o que de menor potencial ofensivo havia que pudesse abalar os poderes e suas relações elitistas que suplantam a noção partidária de oposição e situação, restou uma espécie de “pacto natural”: sem mentor identificado, mas com finalidade clara e objetiva: salvar privilégios.
Ao concentrar a apuração nos supostos “achaques” contra empresários consegue-se livrar a todos do vexame. Por obvio os políticos primeiramente. Os empresários cujos balanços financeiros em momento de crise melhor que nenhuma sentença, ainda que justa, lhe retire liquidez. À corporação judiciária que escolhe algumas biografias desimportantes para serem suavemente arranhadas. A mídia que deixa de mexer em vespeiro com direito a se indignar contra quem incomode os “nossos patrocinadores”. E até os “Robin Hoods” de toga que contarão aos netos que foram perseguidos por um dia terem ousado enfrentar poderosos capitalistas.
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