Por: Eduardo
Braga – Jornalista e Secretário de Assistência Social
Ainda enlutado pela
tragédia que vitimou os nove chapadinhenses no acidente em Vila Nova dos
Martírios (MA), escrevo algumas linhas sobre o comportamento humano diante do
estado de crise.
Antes,
faço um testemunho. Estive na região do acidente durante a campanha eleitoral
do ano passado acompanhando meu então candidato a deputado federal, Raimundo
Monteiro, e quase sofremos um acidente próximo a São Pedro D'água Branca.
Posso, portanto, atestar que as rodovias dali, como de quase todo o Maranhão,
são perigosas e o risco é dobrado pela inoperância do poder público e pela
imprudência dos condutores.
Dito
isso, sigo ao tema principal do texto.
No
momento em que aconteceu o acidente, na sexta-feira, estava em São Luís (MA) e
recebi uma ligação da assessoria da prefeita desmarcando o compromisso que
teríamos no sábado e informando que ela estava a caminho do local do acidente.
Só a noite tive detalhes do ocorrido pela internet.
A
prefeita Danúbia Carneiro e a vereadora Francisca Aguiar foram pra Imperatriz e
Açailândia, só com a roupa do corpo, e trabalharam agilizando o processo de
liberação dos corpos, que haviam ficado horas expostos no local no acidente, no
asfalto, sob sol quente.
Além de
uma ação de humanidade, Danúbia agiu de acordo com o cargo que ocupa hoje. Como
autoridade máxima de Chapadinha, fez o que estava ao seu alcance para que o
momento de dor dos familiares e amigos das vítimas não fosse ainda maior.
Porém,
por mais incrível que pareça, há quem tente utilizar uma situação dessas como
instrumentos da luta política. Com acusações de que ela teria "procurado
mídia" e textos afirmando que "político só aparece quando tem
tragédia, e buscando benefício próprio".
Ora, me
parece um tanto quanto óbvio que as autoridades públicas não podem se omitir
nos momentos de crise, que devem estar presentes e agir com a tranquilidade e a
firmeza necessária de cada momento.
É
lamentável a postura de quem ataca seu adversário indiscriminadamente ignorando
até o momento de dor e luto da cidade. Por mais que seja bom fazer campanha, há
momentos em que todos temos que descer do palanque e nos desarmarmos da disputa
política, até porque não é crível que este tipo de postura renda lucro
eleitorais. Mas mesmo se rendesse, mesmo que fosse necessário este tipo de
artimanha para vencer uma eleição, melhor seria uma derrota que demonstrasse
grandiosidade política e polidez moral.
A
Cobertura Jornalística
Se, num
momento como esse, é repudiável o vale-tudo político, também não se deve
utilizar de todas as armas em nome de audiência.
Ser
jornalista é tarefa difícil e noticiar um evento que ocorreu a mais de mil
quilômetro com uma cidade toda ávida por qualquer informação é um verdadeira
desafio, no qual a tarefa mais difícil é escolher o que publicar e o que não
publicar. Infelizmente, vários dos meus diletos colegas blogueiros falharam
nessa tarefa.
Publicar
fotos de pessoas mortas, com seus corpos em estado de decomposição, vídeos de
pessoas dilaceradas e agonizando sem socorro é desrespeito aos falecidos e ao
direito de privacidade.
Se a
única meta for a audiência ou, poderá defender outro, "dar ao público
aquilo que ele quer ver", pois bem, mas para uma convivência civilizada é
necessário o respeito ao próximo e aos direitos individuais, incluído aí o
direito a privacidade, com o agravante dos indivíduos estarem em circunstância
de máxima vulnerabilidade.
Num
contexto onde não é mais necessário o diploma para exercer o jornalismo,
qualquer pessoa pode criar o seu espaço virtual para divulgar o que bem
entender e não há regulamentação da mídia, precisamos refletir melhor sobre o
papel, a importância e a responsabilidade dos jornalistas e/ou blogueiros.