A parte mais visível da degradação da
Câmara Municipal de Chapadinha são os discursos com xingamentos e ataques pessoais
entre vereadores. Mas sobre isso falo depois, porque no Palácio Francisco
Almeida Carneiro a decadência é até mais grave.
Vejamos as últimas sessões: na quinta-feira
da semana passada a prefeitura manda um Projeto de Lei, minutos antes de
começar os trabalhos, quando o regimento estabelece o prazo mínimo de 24 horas;
hoje o parlamento municipal aprovou autorização de alienação de imóvel, com
avaliação risível e argumentos piores que o preço sugerido.
Admitido por falas de vereadores de
governo e oposição, a Câmara aprova um projeto sem ler, quando algum
parlamentar poderia (ao menos) ter feito aquela leitura porca e mecânica como o
fazem com as atas de sessões anteriores, enquanto os demais colegas igualmente fingiriam
escutar.
No Projeto da Venda do Imóvel, os
vereadores poderiam aumentar o valor, amarrar garantias sobre o destino do
dinheiro, mas não. Preferiram aprovar como veio. Chegaram a dizer que iriam
emendar para ver se o valor inicial chegava a pelo menos 1 milhão, mas de novo não:
a vontade imperial ou a urgência de liquidar um negócio que pode ter de tudo menos
interesse público prevaleceram.
Sem falar no papelão da CPI do
Fantástico com a chantagem explícita de outra investigação contra a oposição,
com desistência da intimidação que não funcionou, do bate-boca generalizado de
vereadores e advogados em comissões e – pra fechar – a patetice do presidente
colocar em votação a CPI, abrir para a discussão e depois desistir da
apreciação.
Agora o leitor pode me perguntar sobre as
baixarias e ofensas, no que respondo: elas são apenas a manifestação negativa
de um fenômeno anterior. São como chama que queima na pele dos vereadores
individualmente, mas que tem como combustível a perda coletiva da independência
daquele PODER.
Os demais vereadores podem abrir o
bueiro verbal que bem entenderem e até trocar socos, mas nenhum deles vai
conseguir depravar institucionalmente tanto a Câmara quanto o presidente
Antonio Tote, com a sua subserviência absoluta e arrogante.