Morto
no último dia 24, o chimpanzé que, segundo o Santuário Suncoast, nos
Estados Unidos, foi o intérprete de Chita nos primeiros filmes de Tarzan teve
sua identidade colocada em dúvida por especialistas. Para eles, a suposta idade
do animal, que teria morrido aos 80 anos de idade, seria um dos indícios de que
não se trata do Chita original.
Debbie Cobb, diretora do santuário na Flórida onde o primata vivia, disse nesta
quarta-feira (28) que seus avós adquiriram Chita por volta de 1960, das mãos do
primeiro astro de “Tarzan”, Johnny Weissmuller, e que o chimpanzé apareceu em
filmes de personagem entre 1932 e 1934. Durante esse período, Weissmuller fez
“Tarzan, o homem macaco” e “Tarzan e sua companheira”. Cobb, porém, não
apresentou documentos, dizendo que eles foram destruídos em um incêndio em
1995.
Além
disso, relatos em Hollywood indicam que o chimpanzé macho chamado Jiggs, ou Mr.
Jiggs – intérprete de Chita na época de Weissmuller –, morreu em 1938.
Também contribui para as suspeitas a idade da
suposta Chita do Suncoast: um chimpanzé de 80 anos seria extraordinariamente
velho, talvez o mais velho já conhecido. De acordo com diversos especialistas e
com o Save the Chimps, outro Santuário da Flórida, chimpanzés criados em
cativeiro geralmente vivem entre 40 e 60 anos. Já o Lion Country Safari, também
na Flórida, diz que abriga um animal que tem cerca de 73 anos.
Uma controvérsia similar, envolvendo outro
chimpanzé que supostamente atuou ao lado de Weissmuller, foi revelada em 2008
pelo jornal “Washington Post”. O jornalista e escritor americano Richard Dean
Rosen descobriu que um outro primata - também apontado a Chita original -, que
vivia em Palm Springs, na Califórnia, tinha nascido por volta de 1960 e que,
portanto, não tinha idade suficiente para ter aparecido nos filmes de Tarzan da
era de ouro de Hollywood. Os filmes estrelavam o campeão olímpico de natação
Weissmuller e tinha a atriz Maureen O’Sullivan na pele de Jane.
Como vários chimpanzés estiveram em filmes do
Tarzan feitos nos anos 1930 e 1940, Rosen disse em um e-mail, nesta
quarta-feira, que a Chita morta na véspera de Natal parece ser também uma
“impostora”. “Receio que qualquer chimpanzé que tenha, de fato, dividido a cena
com Weissmuller e O’Sullivan esteja morto há muito tempo”, disse Rosen.
De acordo com Debbie Cobb, a Chita do
Suncoast morreu vítima de insuficiência renal e foi cremada. “Infelizmente,
houve um incêndio em 1995 que destruiu muitos documentos”, lamentou ela. “Eu
tenho 51 anos e conheço Chita desde sempre. Minha primeira lembrança é da época
em que eu estava, na verdade, com cinco anos de idade, e ele era um chimpanzé
adulto [na época]”.
O historiador do cinema Robert Osbourne
afirmou que o personagem Chita “era uma das coisas que as pessoas amavam nos
filmes de Tarzan porque fazia as pessoas rirem. Era sempre a parte engraçada
dos filmes”. De acordo com Osbourne, Chita foi tão popular quanto o pastor
alemão Rin Tin Tin e o terrier Asta, que fez sucesso na década de 1930 ao aparecer
em filmes como “A ceia dos acusados”, “A comédia dos acusados” e “O hotel dos
acusados”. “Ele [o macaco que fez Chita] era a principal estrela”, continuou o
pesquisador.
No santuário da Flórida, Chita era
extrovertido, adorava fazer pinturas com seus dedos e gostava de ver pessoas
rirem, informou Cobb. Mas o chimpanzé também podia ser mal-humorado. Cobb conta
que, quando não gostava de algo, Chita arremessava fezes e outros objetos.
G1