Corre no folclore político local uma passagem prá lá de pitoresca. A história é a seguinte: houve um movimento de professores por melhoria de salário no tempo em que o prefeito era Zé Almeida (83-88). Em reunião no gabinete, depois de ouvir o prefeito argumentar que o município não poderia conceder aumento (naquela época não havia FUNDEF ou FUNDEB e os recursos eram mesmo prá lá de escassos) uma professora, após breve pausa, sapecou a pergunta-pérola: - E aí Dr. José, como é que “nóis fica”. Professora Fulana de Tal, é por essas e outras que nós ficamos do jeito que estamos, respondeu Zé Almeida.
Humor a parte, o último movimento grevista trouxe questões importantes que merecem uma análise mais detida por parte daqueles que têm compromisso com a educação.
Inegavelmente o Sindicato está no seu papel de lutar pela ampliação dos ganhos e conquistas da categoria; como também, da mesma forma, o governo municipal age como espera toda a sociedade ao colocar o equilíbrio financeiro como limite para a desejável concessão de melhoria salarial dos servidores.
Pelo que se extrai do entendimento, dentro de breve espaço de tempo, depois de superadas algumas incorreções no Plano de Cargos anterior e posterior votação na Câmara de Vereadores, a prefeitura cumprirá o estabelecido nele e, como conseqüência, os salários dos servidores serão aumentados.
A dignidade e segurança dos funcionários públicos passam irrecorrivelmente por salários. Contudo uma vez ultrapassado este momento, que se tudo correr bem será breve, teremos de colocar a qualidade dos serviços, em especial da educação, na pauta do dia.
Hoje temos praticamente todas as crianças em idade escolar matriculadas e freqüentando aulas. Diante de tal constatação é dever da sociedade verificar o que de fato estas crianças estão aprendendo. Saber se o simples fato de sentarem nos bancos escolares os livra do chamado analfabetismo funcional.
Não bastasse isso, a prefeitura vem, nos últimos nove anos, investindo pesado na qualificação dos professores. Começou pela UESPI e segue envolvendo várias instituições de ensino superior. É hora, pois, de a sociedade tirar a prova dos nove pra saber se tal investimento valeu mesmo a pena.
Como pano de fundo de campanhas salariais, qualidade da educação é palavra gasta, mas, como disse certa vez Paulo Freire “é fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal forma que, num dado momento, tua fala seja tua prática”. Fazemos isso ou “nóis fica” do jeito que estamos.
7 comentários:
Como sempre vc é brilhante nos textos. Parabens
obs:Existe um ditado que diz o seguinte: Algumas pessoas fazem faculdade, outras passam por ela!
boa tarde,
NETO
Que vergonha?
Que vergonha?
Oi alexandre!
que histórinha bacana, pena que é a realidade...
então existe um plano de cargos no municipio? ou ainda é só proposta de quem estudou na capital e apreendeu a falar ''direitinho'', essa de contratar professor por preço baixo e querer um doutor em educação, é fffff... (coisa de politico claro)
Cara Rosimary, Essa dificuldade em pagar melhor os professores (assim como os garis, guardas penitenciários, médicos...) é do Estado Brasileiro União, Estados e Municípios. É missão da boa política melhorar os vencimentos dos funcionários públicos. O que meu texto debate é o compromisso com a educação que vai além do salário. Existe um plano de cargos sim e não penso que falar direitinho seja exclusividade de quem estudou ou morou em Capital e nem que seja exigível doutorado em educação pra ser bom mestre.
Concordo plenamente com você Alexandre, não tenho faculdade mais estou sempre em busca de conhecimento e procuro melhorar meu vocabulário a cada dia que passa..... moro no interior do país!
Concordo plenamente com você Alexandre, não tenho faculdade mais estou sempre em busca de conhecimento e procuro melhorar meu vocabulário a cada dia que passa..... moro no interior do país!
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