“Quando
eu chegava em qualquer população, eu ficava com vergonha quando me chamavam
para assinar meu nome. Me dava uma vergonha! Hoje eu estou satisfeito, estou
com um carinho de coração”. A declaração é de José Roque, que aos 74 anos teve
a oportunidade de estudar com as turmas do Programa ‘Sim, eu posso!’, no
município de Aldeias Altas, e agora fala empolgado sobre o programa que, nos
últimos meses, vem transformando a sua vida, com a alfabetização.
José
Roque é um dos milhares de maranhenses que estão sendo alfabetizados no
Maranhão por meio do Programa ‘Sim, Eu Posso!’, que é oferecido pelo Governo do
Estado em oito municípios com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). O
‘Sim, Eu Posso!’ é uma iniciativa que integra a mobilização pela alfabetização
dentro do Plano de Ações ‘Mais IDH’. O objetivo é combater o analfabetismo no
Maranhão, que ainda tem cerca de 20% da população acima de 15 anos sem saber
ler ou escrever.
Criado
há cerca de seis meses, o ‘Sim, Eu Posso!’ está mudando a realidade de milhares
de pessoas. Desde maio, são 702 turmas em andamento, distribuídas nas sedes e
centenas de povoados dos municípios de Aldeias Altas, Água Doce do Maranhão,
Governador Newton Bello, Jenipapo dos Vieira, Itaipava do Grajaú, Santana do
Maranhão, São João do Caru e São Raimundo do Doca Bezerra.
Lucelita
Gomes, 49 anos, também faz parte dessa nova realidade que tem levado mais
dignidade, retirando pessoas da condição de analfabetos. “Já leio, já escrevo;
estou gostando muito do programa. Ele é ótimo porque a gente aprende a ler e
conhecer as letras”, disse. Ela, que é aluna de uma das turmas no município de
Aldeias Altas, revelou que uma das primeiras coisas que quis fazer ao começar a
escrever foi uma redigir uma carta. “Já tentei logo foi escrever uma cartinha
para meu filho. Quero aprender mais”, afirmou emocionada.
Novas
formas de sentir a realidade
Outra
participante do programa, Luiza dos Nascimento da Silva, conta que aprender a
segurar o lápis foi uma das melhores experiências de sua vida. A aluna recorda
que, desde muito cedo, foi acostumada com a rudeza e peso das ferramentas que a
auxiliam no dia a dia da lavoura. Ela, que sempre se envergonhava por não saber
escrever o próprio nome, aos 74 anos encontrou a oportunidade de mudar esta
realidade.
“Aprendi
a segurar o lápis e foi maravilhoso. Agora meu desejo é assinar meu nome
perfeito, redondinho, sem olhar para papel nenhum. É tão ruim a gente chegar
num lugar e alguém perguntar se eu sei assinar e eu ter que ‘botar’ meu dedo”,
admitiu a educanda.
O
método
O
‘Projeto de Mobilização pela Alfabetização/Jornada de Alfabetização do Maranhão
– Sim, Eu Posso – Círculo de Cultura’, integra a mobilização pela alfabetização
dentro do Plano de Ações ‘Mais IDH’, instituído pelo governador Flávio Dino. O
projeto de alfabetização é colocado em prática em regime de cooperação com o
Movimento dos Sem Terra (MST), detentor do método de alfabetização ‘Sim, Eu
Posso! – Círculo de Cultura’. A ação tem duração de oito meses. Nos três
primeiros, ocorre o processo de alfabetização em si. Já nos cinco restantes, os
recém-alfabetizados participam de um processo chamado ‘Círculo de Cultura’.
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