terça-feira, 28 de maio de 2019

A Difícil Arte de não Escrever



Escrever jornalisticamente é garimpar com as unhas no terreno pedregoso dos fatos e quase sempre sem nenhum resultado além da comunicação mais trivial. Por outro lado, tem o êxtase de confeccionar uma matéria que a cada linha se antever o impacto. A ânsia de ter uma informação exclusiva que se revelará bombástica num clique. Imaginar os desencadeamento de eventos a partir de uma postagem...

A lida é a do sofrimento que antecede o acerto no rigor da apuração, do estilo, da reflexão e da norma; em confronto permanente com a pressa implacável que flerta com o perigo do erro. Toda essa emoção supera qualquer dificuldade de se trabalhar com texto.

Mas para um quase velho repórter como eu, eis que – como quem passa para o outro lado do balcão – a carreira me confronta com o papel de responder por comunicação oficial e, neste mister, o manual recomenda: falar pouco, escrever o mínimo e se eximir de opiniões mais particulares.

Assim perco palpitantes notinhas de bastidores, análises submergem e polêmicas passam batidas... Neste momento a peleja é entre ofício de vida versus cargo temporário... Torturado pelo silêncio auto imposto, passo agora a desafiar o grau de incompatibilidade e desisto da difícil arte de não escrever.

Até já!       

Nenhum comentário: