A Comissão Parlamentar Mista de
Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro chega ao fim e fará amanhã a leitura do
relatório final. Caberá a relatora Eliziane Gama (PSD-MA) apresentar as
conclusões das investigações. Também devem ser lidos os votos apresentados, em
separado, por parlamentares da oposição. O ex-presidente Jair Bolsonaro não
chegou a prestar depoimento e muitos dos depoentes puderam permanecer calados
por ordem da Justiça.
Desde maio, a comissão colheu 20
depoimentos. Entre eles está o do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tenente-coronel
Mauro Cesar Cid, e de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça. A Polícia
Federal encontrou na casa de Torres um documento chamado “minuta do golpe”, que
previa a decretação de Estado de Sítio pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE),
a prisão do ministro da corte, Alexandre de Morais, e a realização de novas
eleições.
A CPMI ouviu ainda o hacker Walter
Delgatti Netto, que afirmou aos parlamentares ter invadido os sistemas do
Judiciário brasileiro a pedido da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que
nega as acusações. Ele ainda afirmou que, a pedido de Jair Bolsonaro, orientou
os militares das Forças Armadas na elaboração do relatório sobre as urnas
eletrônicas apresentado em 2022.
Também foram ouvidos o general
Gonçalves Dias, que comandava o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no
dia dos ataques às sedes dos Três Poderes, e o sargento do Exército Luís Marcos
dos Reis, acusado de fraude no cartão de vacinação do ex-presidente Jair
Bolsonaro e de participação nos atos golpistas de 8 de janeiro. Segundo a
senadora Eliziane Gama, entre janeiro de 2021 e fevereiro de 2022, Reis
movimentou mais de R$ 3 milhões.
OBSTRUÇÕES
Ao longo dos meses, a CPMI chegou a
convocar outros depoentes, que obtiveram na Justiça o direito de ficarem
calados e não serem incriminados. Foi o caso do general Augusto Heleno,
ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de Jair
Bolsonaro.
Heleno negou ter ido a acampamentos
golpistas ou ter participado de reuniões com chefes das Forças Armadas para combinar
um golpe de Estado. Ele também chegou a minimizar a delação premiada de Mauro
Cid.
Na reta final, a CPMI enfrentou
obstáculos, como a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Nunes
Marques, que suspendeu quebras de sigilos do ex-diretor da Polícia Rodoviária
Federal (PRF) Silvinei Vasques.
Antes, o ministro André Mendonça, do
STF, concedeu autorização para o segundo-tenente do Exército Osmar Crivelatti
não comparecer à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) de 8 de
Janeiro.
Informações da Agência Brasil
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