Por: Eduardo Braga – Jornalista
Apesar do discurso fácil que coloca
todos os problemas do mundo como culpa dos "políticos", como se
houvesse uma classe de seres humanos separada do resto e a atividade política
fosse exclusividade dela, é necessário analisarmos as questões de forma mais profunda
para não acabarmos fazendo coro com as bravatas de quem se utiliza deste
expediente para fazer prevalecer seus interesses, geralmente, nada
republicanos.
A política não é suja, nem limpa. Ela
é um instrumento que pode ser utilizada da forma que bem entender quem tiver o
poder. Daí a importância da legítima disputa democrática de poder. E ao chegar
a esta conclusão podemos dividir as questões centrais da disputa política em
duas. Como alcançar o poder e para que alcançá-lo.
Na democracia quem governa é a
maioria. Ou seja, quem quiser obter o poder político que componha um grupo
capaz de aglutinar mais da metade da sociedade em questão. E num país cuja principal
marca é a diversidade, é praticamente impossível chegar a este patamar sem
acumular contradições. Pense, caro leitor, nas suas convicções pessoais e
políticas e imagine a formação de um grupo grande o suficiente para ter o apoio
de mais da metade da sociedade e que concorde com todas essas suas convicções.
Duvido.
Todavia, as contradições inerentes à
disputa política não devem impedir a atuação se houver um propósito. Para
vencer as eleições em 2002, o presidente Lula teve de se aliar a setores antes
distantes. Sim, Lula, ex-líder sindicalista, escolheu um empresário, José
Alencar, para o posto de vice na sua chapa, mesmo este tendo sido vaiado na
convenção nacional do PT pela ala radical do partido. Sim, Lula contou com o
apoio de Sarney e companhia, mesmo sendo adversários históricos. Tudo como
parte da tática para vencer as eleições e aplicar no governo federal o modo
petista de governar. O resultado está aí: um país em franco desenvolvimento
econômico, com mais de 12 milhões de empregos formais gerados em 8 anos, com
cerca de 30 milhões de brasileiros deixando a condição de miséria e um Estado
respeitado em todo o mundo.
Não é que os fins justificam os
meios, é que há de haver algum fim
Em Chapadinha a disputa eleitoral de
aproxima sem ninguém dizer o que pretende fazer com o poder em mãos. O governo
fala em continuidade após 12 anos no poder, a oposição se posa de indignada
utilizando-se das mesmas práticas que diz condenar e uma terceira via, pelo que
já disse no terceiro parágrafo, me parece hoje despropositada.
É pra continuar o que? Mais
importante, é pra mudar o que? Pra onde? Disputar por disputar, alcançar o
poder pelo poder, votar por votar? Assim o povo acaba dando outra razão pelo
seu voto e os candidatos ainda reclamarão dos eleitores.
Se querem enganar, que o façam
direito. E não apenas se escondam atrás do discurso moralista que se encaixa na
boca de qualquer Demóstenes.
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