Por:
Edwilson Araújo – Jornalista e Professor
No
Maranhão do passado, o Procon era um equipamento apagado, apenas cumpridor das
suas atribuições mínimas.
Uma
nova dinâmica foi incorporada ao órgão a partir do governo Flávio Dino (PCdoB).
De ilustrativo, o Procon passou a ser uma instituição protagonista na defesa do
consumidor, articulado à promoção dos direitos humanos.
Rapidamente,
sob a gestão do advogado Duarte Junior, o Procon ganhou visibilidade e
autonomia, juntamente com o Viva Cidadão (criado no governo Roseana Sarney),
compondo uma rede articulada de serviços e proteção às pessoas, principalmente
os mais pobres.
À
proporção que o Procon-MA cresce na perspectiva da cidadania, atrai a ira de
alguns setores acostumados a atropelar os interesses da coletividade.
Pelo
menos dois segmentos querem o enterro do Procon no Maranhão: os donos de postos
de combustíveis e os proprietários das escolas particulares.
Acusados
da prática de cartel, os postos de combustíveis cobram preços abusivos sem que
nenhuma autoridade possa detê-los. Nem mesmo o Ministério Público, apesar de
todas as investidas, consegue aplacar a fome de lucro dos postos.
Os
proprietários das escolas particulares também estão insatisfeitos com o Procon
porque a fiscalização atua sobre o reajuste abusivo de mensalidades e nas
listas excessivas de material escolar.
A
vigilância sobre os postos de combustíveis, em especial, afeta interesses de
uma corporação poderosa no Maranhão, ramificada tanto em São Luís quanto nos
pequenos municípios.
Postos
de combustíveis proliferam na capital e no continente em uma velocidade mágica,
instalados em qualquer lugar, sem obediência ao Plano Diretor, construídos até
mesmo perto de hospitais e escolas, atropelando as regras mínimas do zoneamento
urbano, naquilo que diz respeito ao impacto de vizinhança.
Depois
de licenciados e instalados, os postos montam galerias e minishoppings,
transformando a venda de combustível apenas em um despiste para incorporar
empreendimentos imobiliários aos terrenos.
Os
postos, além de faturar com o aluguel das lojas nas galerias, são denunciados
constantemente pela prática de cartel na venda de combustíveis.
Tem
muita gasolina e álcool na fogueira destes negócios.
A
atuação do Procon – onde antes não havia lei, regra ou ordem – está
sensibilizando a sociedade para o exercício da cidadania, educando as
corporações e grupos empresariais sobre as regras do consumo humanizado.
As
empresas de transporte coletivo, com seus ônibus velhos, sujos e lentos, também
passaram a ser cobrados pela prestação de serviços com qualidade. Os novos
veículos também estão sob fiscalização no cumprimento dos horários de fluxo.
No
Maranhão de outrora, onde quase nada era fiscalizado e a maioria da população
ficava à mercê dos interesses das corporações nem sempre afinadas com os
princípios republicanos, o Procon atuante ensina boas práticas nas relações de
consumo.
Por
esses e outros motivos, o órgão é alvo de críticas e perseguição.
Partiu
da corporação das escolas particulares, através da Confederação Nacional dos
Estabelecimentos de Ensino (Confenen), uma Arguição por Descumprimento de
Preceito Fundamental (ADPF), encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF),
contra o que considera aparelhamento do Procon-MA.
Sob
o argumento de que o Procon deve realizar concurso público, a Confenem quer na
verdade construir uma agenda negativa contra o órgão que fiscaliza, apura e
encaminha denúncias contra as práticas agressivas dos estabelecimentos de
ensino.
Este
blog não é contra o concurso no órgão, mas estranha a iniciativa oportunista
das escolas particulares.
O
Procon foi criado no Maranhão em 1987, no governo Epitácio Cafeteira, mas
somente agora a Confenen resolveu arguir a falta de concurso. Existe algo muito
estranho nessa defasagem temporal.
Fato
concreto é que a ação do Procon está transformando os consumidores do Maranhão
em cidadãos. Esse é o ponto central que afeta os interesses daqueles que antes
não eram fiscalizados.
E
agora, estranhamente, pousam com ar de moralidade exigindo concurso público.
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