POR CRISTIANE JUNGBLUT
BRASÍLIA
— O Palácio do Planalto desistiu de nomear o deputado Pedro Fernandes (PTB-MA) ministro
do Trabalho. O presidente Michel Temer pediu ao presidente do PTB,
Roberto Jefferson, que o partido indique um novo nome para o cargo. No dia 27
de dezembro, Ronaldo Nogueira, do PTB, deixou o ministério, e o comando do
partido indicou Fernandes para Temer.
Nesta
terça-feira, o Planalto afirmou que houve o veto do ex-presidente José Sarney,
que considera Pedro Fernandes um opositor. A posse do deputado federal era
esperada pelo partido para a próxima quinta-feira, dia 4 de janeiro. O deputado
chegou a confirmar ao GLOBO que já havia indicado ao cerimonial do Planalto os
nomes de seus convidados para a posse no ministério.
No
entanto, a situação sofreu uma reversão nesta terça-feira. O presidente do PTB
confirmou que o governo pediu uma nova sugestão de nome para o cargo e disse
que é preciso "aguardar" os acontecimentos.
Pedro
Fernandes confirmou que não irá mais ocupar a pasta e deixou clara sua
irritação com o veto do ex-presidente José Sarney ao seu nome. Roberto
Jefferson recebeu um telefonema de Temer pedindo que fosse feita uma
intermediação entre Fernandes e Sarney. O deputado, no entanto, nem quis ouvir
falar na proposta de ter que conversar com o ex-presidente — embora já tenha
sido próximo da família Sarney, quando chegou a ocupar uma secretaria no
governo de Roseana Sarney no Maranhão, hoje, Fernandes apoia o governador do
Maranhão, Flávio Dino (PCdoB ), opositor ferrenho do clã do ex-presidente.
—
Pois é, não deu certo. Assim, eu que não aceito mais. O Roberto Jefferson me
explicou e já disse tudo como foi — disse Pedro Fernandes, constrangido.
Por
sua vez, o ex-presidente Sarney que tenha vetado Fernandes no ministério.
Sarney disse, por meio de assessores, que não foi consultado e que não vetaria
um nome do Maranhão. Nos bastidores, o ex-presidente ficou irritado de ter tido
seu nome envolvido na polêmica. Apesar do desmentido, na prática Sarney
continua sendo um dos cacique do PMDB e influente dentro do governo de Michel
Temer.
—
Não fui consultado e nem vetei ninguém. Não é do meu estilo. Nunca vetei
ninguém. Se não vetei o Flávio Dino para a presidência da Embratur, e fui
consultado pela presidente Dilma, como vetar Pedro Fernandes? Ele é meu amigo,
o irmão dele é meu amigo. Por motivos políticos, ele passou a apoiar o Flávio
Dino, mas nunca estivemos em desavença — disse Sarney ao GLOBO.
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