O povo
brasileiro elegeu Bolsonaro de forma incontestável e é em cima deste fato que a
política nacional vai se movimentar nos próximos quatro anos. O antipetismo por
bons e maus motivos, a guinada conservadora na sociedade, o apelo por soluções
na área da segurança pública e o combate à corrupção estão entre as causas do
desfecho e serão debatidas com melhores condições e distanciamento no tempo.
Pra agora
o mais importante: que vencidos e vencedores se compenetrem no papel que o
resultado lhes relegou. A começar pelo PT, os derrotados precisam realizar
profunda reflexão com autocrítica que verdadeiramente mude práticas rejeitadas e
supere cacoetes ultrapassados. Os vitoriosos devem calçar as sandálias da
humildade na medida em que a eleição os obriga a seguir as regras do estado de
direito. Ganharam para governar e buscar o bem comum respeitando o expressivo campo
do pensamento adversário ao deles.
Apesar
da retórica de campanha e da sombria pretensão de alguns, o resultado andou foi
longe de representar a morte da esquerda e o PT ter sido o partido que mais
elegeu deputados, apesar da onda, é sinal da capacidade de resistência. Quase 45% dos eleitores que
vão muito além de um só partido não é volume que se varra facilmente do cenário
nem com ditadura e violência.
No direito
de comemorar a vitória após quatro derrotas seguidas, a direita também ganhou a
obrigação de resolver intrincados problemas de uma sociedade complexa, cuja compreensão
parece longe do atino deles.
Assim o
Brasil vira uma página, alterna o poder e modifica os papéis... Tendo como símbolo
as nossas massacradas e incompreendidas urnas eletrônicas, a democracia até
aqui sobreviveu... Que estejamos todos a altura da liberdade a ser preservada.
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