A reportagem da Fórum teve
acesso neste sábado (18) a uma denúncia contra a editora-chefe de Política do
jornal O Estado de S. Paulo (Estadão), Andreza Matais (foto), enviada ao Ministério
Público do Trabalho do Distrito Federal (MPT-DF). Os prints com a denúncia
estão no fim da reportagem.
O documento, registrado como uma
Notícia Fato no MPT-DF, relata que a jornalista Andreza Matais "assediou e
obrigou repórteres recém-contratados" a publicar uma matéria que
relacionasse o ministro da Justiça, Flávio Dino, a uma mulher classificada como
"dama do tráfico do Amazonas".
"Somos colaboradores do jornal
Estadão e queremos denunciar aqui que a editora-chefe de política do Estadão
(jornal Estado de S. Paulo), Andreza Matais, assediou e obrigou repórteres
recém-contratados por ela (todos no ano de 2023) a preparar e publicar uma
reportagem enviesada que foi previamente concebida por ela para denunciar
supostas ligações do ministro da Justiça, Flávio Dino, com uma mulher
apresentada jocosamente como 'dama do tráfico do Amazonas'", diz trecho da
denúncia.
Em outro momento, os denunciantes
afirmam que "Andreza preparou e executou a reportagem com o objetivo
pessoal oculto de revigorar a candidatura do ministro Bruno Dantas, presidente
do Tribunal de Contas da União (TCU), de quem Andreza se diz 'amiga pessoal' e
'devedora' à vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Dantas disputa
a antiga vaga da ex-ministra Rosa Weber com Dino".
Posteriormente, os denunciantes
também afirmam que "para viabilizar esse seu interesse pessoal oculto de
ajudar Dantas e desmoralizar Dino, Andreza também usou uma entrevista do
ministro Gilmar Mendes, do STF, igualmente amigo pessoal de Bruno Dantas e de
Andreza Matais para inflar a gravidade da visita da 'dama do tráfico' e, assim,
conferir ares de gravidade ao 'factoide' que é o encontro de uma suposta chefe
do tráfico com autoridades do governo".
"A tática imita operações de
desinformação de arapongas e outros profissionais de 'inteligência', pois, na
ausência de fatos que indiquem um favorecimento ou uma comunhão de desígnios
com a tal chefe do tráfico, a fabricação de notícia busca conferir
verossimilhança a uma narrativa pela qual Dino pareça alguém ligado ou
simpático ao narcotráfico e, assim, seja considerado um nome impróprio para o
STF", continua a denúncia contra Andreza Matais.
Também é destacado o fato de que
"Andreza Matais gerencia mais de 30 funcionários do Estadão e goza de
prerrogativas profissionais e constitucionais dadas aos jornalistas. O factoide
esconde uma sequência de violações constitucionais e trabalhistas que precisam
ser analisadas e investigadas com urgência pelo Ministério Público".
De acordo com os denunciantes,
Andreza Matais "submeteu a condições degradantes e humilhantes repórteres
envolvidos na fabricação do 'escândalo da dama do tráfico'. Recém-contratados,
oriundos de cidades fora de Brasília, os jornalistas não tiveram alternativas
que não fossem cumprir as ordens arbitrárias e enviesadas da chefe. Em
paralelo, foram submetidos a jornadas degradantes sem contabilização ou
pagamento de horas extras, como denunciado anteriormente, e com o emprego de
recursos e objetivos escusos na prática diária do jornalismo, protegido
constitucionalmente".
Dessa maneira, os denunciantes
solicitam ao Ministério Público que investigue se Andreza Matais "praticou
ilegalidades trabalhistas e profissionais". Também é solicitado que se
investigue se o jornal Estadão "violou leis de imprensa, pois o conteúdo
também foi e é amplamente veiculado e turbinado por concessão estatal: rádio
Eldorado, controlada pela família dona do Estadão. Solicitamos que essa
denúncia seja anexada à notícia de fato".
Procurada pela reportagem da Fórum,
Andreza Matais negou tudo. "A denúncia é improcedente e a direção de
jornalismo já encaminhou o caso para o jurídico, que tomará as providências
cabíveis", declarou a editora-chefe de política do Estadão.
A reportagem também entrou em contato
com a presidência do Tribunal de Contas da União, que emitiu a seguinte
resposta:
"O presidente do Tribunal de
Contas da União, Ministro Bruno Dantas, desconhece completamente os fatos e
adotará providências legais contra a difamação criminosamente perpetrada em
portal do MPT e divulgada como se documento oficial fosse".
Os Prints da Notícia de Fato e Veja AQUI Matéria Completa da Revista Fórum
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