sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Deu no UOL - Morte do Garoto Samuel Repercute na Imprensa Nacional


 

Rafael Souza - Colaboração para o UOL, de São Luís

04/11/2021 19h27

Uma criança de dois anos de idade morreu ontem, após contrair raiva durante o ataque de uma raposa, no povoado de Santa Rita, município de Chapadinha, interior do Maranhão. O incidente ocorreu em agosto e os médicos que o atenderam não aplicaram a vacina antirrábica no garoto, procedimento padrão no início do tratamento para estes casos. Após uma sucessão de idas e vindas ao hospital, Luís Samuel Almeida da Silva foi levado para São Luís, já com sintomas avançados da doença, no dia 23 de setembro, onde acabou falecendo.

Segundo o secretário de saúde de Chapadinha, Richard Wilker, os médicos envolvidos foram afastados e estão sendo investigados por possível negligência. O menino foi atendido no dia 4 de agosto, por uma médica, com relato de arranhadura de gato e apenas foi feito o curativo e a limpeza do ferimento. No segundo atendimento, no dia 19 de setembro, no Hospital Municipal, um segundo médico lidou com um quadro de desconforto respiratório, irritabilidade e enjoos do paciente, que recebeu nebulização e antibiótico, medicação para dor e enjoo, antes de ser liberado para voltar para casa.

"No dia 20, ele faz um novo retorno ao hospital, na Unidade de Pronto Atendimento, com bastante irritabilidade, agressivo, reações como se fosse morder. Uma situação aguda da doença. E só então é encaminhada para o Hospital da Criança, em São Luís, com a suspeita de raiva", disse o secretário. Luís Samuel ficou quatro dias internado na unidade de saúde até ser encaminhado para o Hospital Materno Infantil, onde passou cerca de um mês até falecer, na manhã de ontem.

Em um vídeo divulgado pela própria Prefeitura de Chapadinha, no dia 15 de outubro, o secretário deu explicações sobre o caso e falou como as equipes chegaram no consenso que se tratava de um ataque por raposa, e não de gato. A constatação veio a partir de uma longa investigação e da confirmação, no dia 6 de outubro, em laboratório, do vírus da raiva e da presença de material genético de animal silvestre compatível. "A criança estava sozinha em um cômodo. No interior do Maranhão, há a mania de deixar a criança sentada, pra comer. Essa criança deve ter pegado o gato que, pra se soltar, acabou arranhando ele. Pode ter contaminação [pela raiva] por arranhadura, pode. Mas é raro.

É muito mais comum pela saliva", afirma. Ainda no vídeo, o diretor da Vigilância Sanitária, Rubiel Perez, continua explicando a investigação e diz que, no mesmo dia em que a criança foi arranhada pelo gato, uma raposa apareceu na casa. "Os familiares dizem que uma raposa apareceu encostando na parede e não fugia com a presença humana. Eles tentaram afugentar, mas também não correu. Então um cachorro atacou a raposa. Eles brigaram e a raposa morreu. (...) Então, ou a raposa mordeu o menino e ninguém viu, seria um ataque direto, ou foi uma infecção indireta através da saliva que estava corpo no cachorro.

Na região de Chapadinha, o governo do Maranhão fez uma força-tarefa para investigar cães e gatos que possam ter contraído a doença. A população do povoado de Santa Rita Chapadinha, na zona rural, e toda a família de Luís também receberam a vacina antirrábica, por precaução. Em nota, a prefeitura lamentou a morte de Luís Samuel e afirmou que se solidariza com a família.


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