quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Macaoca: Aprenderemos com a Atual Crise Hídrica?


Este é o primeiro de uma série de artigos do professor Telmo José sobre a crise hídrica de Chapadinha. Junto com outros professores da Universidade Federal do Maranhão – UFMA, Campus de Chapadinha, o professor Telmo já fez inúmeras pesquisas na área do reservatório da Itamacaoca. Por certo vai contribuir muito com o debate. Segue o texto.

Macaoca: Aprenderemos com a Atual Crise Hídrica?

Por: Telmo José Mendes, MSc., PhD.,

“Antes de apresentar a comunidade este texto, gostaria de comentar um grande problema de comunicação que existe em nossa cidade que é a busca e identificação de informações relevantes e confiáveis nos assuntos a serem abordados. Este problema não é novo e já o percebo tem algum tempo.

A Web, sendo um meio sem censura prévia e que apresenta enorme facilidade para a publicação de materiais por qualquer pessoa com um mínimo de conhecimento “no assunto”, traz consigo o problema da credibilidade das informações apresentadas. Estas "homepages" além de levar ao público um excesso de informações errôneas e inúteis, que poluem o ambiente, dificulta o acesso a população as informações verdadeiramente relevantes.

A Crise Hídrica na Cidade de Chapadinha
Para entender como alcançamos esse grau de fragilidade hídrica, em nossa cidade, não basta somente culpar a seca. Como sempre, há um conjunto de fatores que se somaram para construir o cenário que hoje nos deparamos.

Podemos começar colocando como fator inicial a gestão da água feita em nossa cidade que a tratou como um recurso inesgotável. Desde o ano de 2009 (ano da última cheia registrada na Macaoca), em diversos artigos e reportagens assinados por várias pessoas capacitadas e residentes desta cidade, o cenário atual era previsto, porém o ‘brasileiro’ tem memória curta e nossos políticos a imensa habilidade de não ouvir e nem acreditar na ciência.

Pesaram, também, para construir este cenário, o pouco espaço de participação da sociedade, a fragilidade dos instrumentos de gestão dos recursos hídricos (comitê de bacia), além da não adoção pelo governo municipal de medidas mais severas de redução de consumo ou uso abusivo de água. A concessão dá a uma empresa o direito de administrar e operar um serviço público por um determinado período, porém cabe ao governo municipal administrar e fiscalizar os serviços prestados por empresas concessionárias.

É importante lembrar, ainda, a degradação ambiental das áreas de mananciais, resultado da poluição das fontes de água e desmatamento no entorno da represa da Macaoca.

Não há como se estabelecer graus específicos de responsabilidade da poluição, do desmatamento e do uso e ocupação do solo na atual crise de abastecimento pela qual atravessa nossa cidade. No entanto, é sabido que todas essas ações influenciam a disponibilidade e a qualidade dos recursos hídricos.

A crise hídrica que estamos vivendo neste final de período úmido 2014/15 não é inédita e traz novamente sérias consequências econômicas e sociais.

A crise atual exige união e compartilhamento de responsabilidades com respostas sistêmicas com metas e ações de curto, médio e longo prazos. Assim, é correto que o governo (em todas as suas estâncias) exerça papel protagonista para fomentar e implementar soluções múltiplas com escala e impacto que atinjam diversos setores de uma só vez. Mas também cabe aos consumidores de água, empresas e organizações da sociedade civil desempenhar seu papel de corresponsabilidade.

Sendo assim, fica a pergunta: aprenderemos com a atual crise hídrica? Ou ainda continuaremos acreditando em promessas sem fundamento, falas vazias e sem conteúdo técnico e soluções faraônicas? Temos a obrigação como cidadãos de romper as amarras da ignorância e exigir nossos direitos e mostrar aos nossos governantes que a falta de competência de gestão, que lhes compete, prejudica os menos favorecidos e não a eles mesmos".

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