Este é o primeiro de uma série de artigos do professor Telmo José
sobre a crise hídrica de Chapadinha. Junto com outros professores da
Universidade Federal do Maranhão – UFMA, Campus de Chapadinha, o professor Telmo já
fez inúmeras pesquisas na área do reservatório da Itamacaoca. Por certo vai
contribuir muito com o debate. Segue o texto.
Macaoca: Aprenderemos com a Atual Crise
Hídrica?
Por: Telmo José Mendes, MSc., PhD.,
“Antes de apresentar a comunidade
este texto, gostaria de comentar um grande problema de comunicação que existe
em nossa cidade que é a busca e identificação de informações relevantes e
confiáveis nos assuntos a serem abordados. Este problema não é novo e já o
percebo tem algum tempo.
A Web, sendo um meio sem censura
prévia e que apresenta enorme facilidade para a publicação de materiais por
qualquer pessoa com um mínimo de conhecimento “no assunto”, traz consigo o
problema da credibilidade das informações apresentadas. Estas
"homepages" além de levar ao público um excesso de informações
errôneas e inúteis, que poluem o ambiente, dificulta o acesso a população as
informações verdadeiramente relevantes.
A Crise Hídrica na Cidade de
Chapadinha
Para entender como alcançamos esse
grau de fragilidade hídrica, em nossa cidade, não basta somente culpar a seca.
Como sempre, há um conjunto de fatores que se somaram para construir o cenário
que hoje nos deparamos.
Podemos começar colocando como fator
inicial a gestão da água feita em nossa cidade que a tratou como um recurso
inesgotável. Desde o ano de 2009 (ano da última cheia registrada na Macaoca),
em diversos artigos e reportagens assinados por várias pessoas capacitadas e
residentes desta cidade, o cenário atual era previsto, porém o ‘brasileiro’ tem
memória curta e nossos políticos a imensa habilidade de não ouvir e nem
acreditar na ciência.
Pesaram, também, para construir este
cenário, o pouco espaço de participação da sociedade, a fragilidade dos
instrumentos de gestão dos recursos hídricos (comitê de bacia), além da não
adoção pelo governo municipal de medidas mais severas de redução de consumo ou
uso abusivo de água. A concessão dá a uma empresa o direito de administrar e
operar um serviço público por um determinado período, porém cabe ao governo
municipal administrar e fiscalizar os serviços prestados por empresas
concessionárias.
É importante lembrar, ainda, a
degradação ambiental das áreas de mananciais, resultado da poluição das fontes
de água e desmatamento no entorno da represa da Macaoca.
Não há como se estabelecer graus
específicos de responsabilidade da poluição, do desmatamento e do uso e
ocupação do solo na atual crise de abastecimento pela qual atravessa nossa
cidade. No entanto, é sabido que todas essas ações influenciam a
disponibilidade e a qualidade dos recursos hídricos.
A crise hídrica que estamos vivendo
neste final de período úmido 2014/15 não é inédita e traz novamente sérias
consequências econômicas e sociais.
A crise atual exige união e compartilhamento
de responsabilidades com respostas sistêmicas com metas e ações de curto, médio
e longo prazos. Assim, é correto que o governo (em todas as suas estâncias)
exerça papel protagonista para fomentar e implementar soluções múltiplas com
escala e impacto que atinjam diversos setores de uma só vez. Mas também cabe
aos consumidores de água, empresas e organizações da sociedade civil
desempenhar seu papel de corresponsabilidade.
Sendo assim, fica a pergunta:
aprenderemos com a atual crise hídrica? Ou ainda continuaremos acreditando em
promessas sem fundamento, falas vazias e sem conteúdo técnico e soluções
faraônicas? Temos a obrigação como cidadãos de romper as amarras da ignorância
e exigir nossos direitos e mostrar aos nossos governantes que a falta de
competência de gestão, que lhes compete, prejudica os menos favorecidos e não a
eles mesmos".
Nenhum comentário:
Postar um comentário