Por Luís Nassif
O pano de fundo
da privatização da Eletrobrás é o seguinte.
O pai da ideia é o Secretário Executivo do Ministério de Minas e
Energia, Paulo Pedrosa, operador colocado para dar as cartas no MME. O Ministro
é figura decorativa.
Pedrosa é ligado ao fundo de private equity GP
Investimentos, que nasceu das entranhas do Banco Garantia para administrar
parte dos ativos, quando os três fundadores embarcaram na grande aventura
Ambev.
GP é Garantia
Partners, que comprou a Cemar (Centrais Elétricas do Maranhão) quando essa
estava sob intervenção da Aneel depois de ter sido devolvida pela Pennsylvania
Power and Light, que perdeu 330 milhões de dólares na primeira privatização da
Centrais Elétrica do Maranhão e a entregou de volta por 1 dólar.
Foi dada de graça a esse grupo apesar de haver uma proposta com
dinheiro a vista do grupo americano Franklin Park, operador do Fundo
Guggenheim, um dos maiores fundos de private equity americanos. Mas foi um
leilão de cartas marcadas, no qual o trunfo do comprador estava na facilidade
em renegociar os passivos da empresa com a Eletrobrás.
Daí nasceu a Equatorial Energia, que depois comprou a Celpa
(Centrais Elétricas do Pará).
Denunciei essa operação quando colunista da Folha de São Paulo,
através das colunas onde mostrava a influência do grupo de ACM e Sarney e dos
movimentos incompreensíveis da Eletrobrás.
O Ministério Público da Suíça tem um dossiê sobre as operações
com a Cemar, e chegou a investigar o episódio através da Embaixada da Suíça em
Washington. Mas, depois que perderam, os americanos preferiram não se envolver.
Em todo caso, se o MPF brasileiro pedir o dossiê, é possível que
o Ministério Público suíço colabore. Na época, tinham rastreado o dinheiro da
propina e chegado ao beneficiário final.
A Equatorial faz parte do grupo de controle da Lighr Rio.
Paulo Pedrosa foi Conselheiro da Equatorial, da Celpa, da Cemar
e da Light, portanto ligado ao grupo Equatorial que é controlado pelo GP
Investimentos, hoje com novo nome de 3 G.
O fundo 3G é hoje o segundo maior acionista privado da Eletrobrás e foi um dos grandes compradores de ações na véspera do anuncio da privatização. A CVM está investigando. Para não aparecer, o 3G usou o J.P.Morgan e mais dois bancos como fachada.
Há vários meses há um grupo de trabalho interno da 3G debruçado sobre os ativos e passivos da Eletrobrás.
A meta é assumir o controle da Eletrobrás, o grande alvo do grupo Equatorial. Se bem sucedido, seria um negócio do "padrão GP". A Eletrobrás, companhia com ativos avaliados em 400 a 600 bilhões de reais, com dividas de 39 bilhões e passivos ocultos de 64 bilhões, mas que podem ser liquidados por um terço disso e cujo controle pode ser comprado por R$15 bilhões.
Seria o negócio do século. Com R$ 15 bilhões, o 3G compraria um
patrimônio líquido real de 300 a 350 bilhões de reais, uma operação na escala
da AMBEV e melhor ainda que esta.
Há pouco tempo o grupo 3G tentou comprar o controle da UNILEVER,
e foi barrada pelo Governo britânico, desconfiado do estilo corsário do grupo.
É um conflito de interesses gigantesco. Paulo Pedro, o Secretário
Executivo do Ministério de Minas e Energia, o idealizador do anúncio de
privatização da Eletrobras. Sendo conselheiro de todas as empresas do Grupo
Equatorial por trás do qual está a 3G.
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