É só o calor aumentar – como costuma acontecer todos os anos nestes meses do "be-erre-ó-bro", setembro, outubro e novembro – para que os fundamentalistas do aquecimento global entrem em cena colocando a culpa em alguém. Os vilões preferenciais são sempre os mais próximos. Por aqui os culpados são os nativos da roça no toco que provocam queimadas e os gaúchos do agronegócio pelo desmatamento.
O problema é que, sob o escaldante horizonte da Chapada, essa vociferação toda não tem um sopro de base cientifica. Só para ter idéia, mesmo os estudos em nível internacional, ainda embrionários em termos de fixação bases teóricas válidas, apontam que o tal do aquecimento global está ocorrendo em função do aumento da emissão de gases poluentes, principalmente, derivados da queima de combustíveis fósseis (gasolina, diesel, etc), na atmosfera e só depois - numa escala bem abaixo, e bote abaixo nisso – é que vem a colaboração dos desmatamento e das queimadas nesse processo.
Dizem que jornalista é um sujeito que opina sobre tudo, mas não é especialista em nada. Concordo tanto que admito estar errado no dia que apresentarem um estudo sério e tendo por objeto específico o clima da nossa região.
Não desconfio nem lanço suspeita sobre a honestidade de quem acha que são agricultores daqui ou vindos dos Pampas os responsáveis pelo vapor que brota do meu ventilador todas as tardes. Há, contudo, um discurso fácil, que ganha força na nossa ancestral aceitação de mitos repetidos e da resposta pouco racional para fenômenos que nos atingem sem que tenhamos explicação para eles. Tudo seria apenas uma ingenuidade a mais não fossem alguns aproveitadores que destilam seus ódios e preconceitos com relação a quem vem de fora ou para reputar irremediável incompetência do nordestino nato.
Tem ainda uma corrente internacional que tenta colocar seres humanos de países em desenvolvimento como o Brasil na iminência de ter sua soberania amarrada na proibição/limitação de desenvolver sua agricultura ou de voltar à condição de primatas originais para deleite do primeiro mundo que já destruiu seus recursos naturais e são os maiores emissores de gases.
Logo mais, quando dezembro trouxer as cores de chumbo ao céu, a temperatura amainar e os sapos coaxando com barrigas cheias de mariposas, não vai ter graça esquentar cabeça com o aquecimento global. Voltaremos a dormir melhor, mas com o nosso comezinho senso comum hibernando até o próximo verão.
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