Por: Eduardo Braga – Jornalista (chapadinhense) e Membro da Direção do Partidos dos Trabalhadores
Desde quando me entendo por gente as disputas políticas de Chapadinha (MA) são polarizadas entre dois grupos. Talvez tenham caído em desuso essas alcunhas, mas antigamente os grupos eram chamados Pebas, liderados pelo ex-prefeito Isaías Fortes, e Cambirimbas, que correspondem aos que hoje estão sob o comando da prefeita Danúbia Carneiro e do ex-prefeito Dr. Magno Bacelar, o auto-intitulado Nota 10.
Lembro-me especificamente bem da eleição de 2000. A prefeitura vivia um estado de caos sob o comando de Isaías Fortes, que tentava a reeleição. Político de forte apelo populista, Isaías não suportou o descontentamento do funcionalismo municipal, que ficava meses a fio sem receber salário. Então deputado estadual, Magno aproveitou-se da situação, disputou e derrotou Isaías travestido em símbolo de ética e de competência administrativa.
A polarização manteve-se e as tentativas de quebrá-la não alcançaram sucesso. Podemos analisar essa disputa e os resultados eleitorais dos grupos locais nas últimas eleições municipais pelo seguinte quadro percentual:
Lembro-me especificamente bem da eleição de 2000. A prefeitura vivia um estado de caos sob o comando de Isaías Fortes, que tentava a reeleição. Político de forte apelo populista, Isaías não suportou o descontentamento do funcionalismo municipal, que ficava meses a fio sem receber salário. Então deputado estadual, Magno aproveitou-se da situação, disputou e derrotou Isaías travestido em símbolo de ética e de competência administrativa.
A polarização manteve-se e as tentativas de quebrá-la não alcançaram sucesso. Podemos analisar essa disputa e os resultados eleitorais dos grupos locais nas últimas eleições municipais pelo seguinte quadro percentual:
Em todas essas eleições houve quem tentasse fugir dessa dicotomia, mas as candidaturas de Chaguinha (1996), Lívia Viana (2000) e Alexandre Pinheiro (2004) foram apenas coadjuvantes. Contudo, o resultado da eleição de 2008 nos mostra o quadro diferente reforçando o enfraquecimento de ambos os grupos dominantes e o crescimento das chances de sucesso de uma terceira via.
Mesmo tendo sido vitorioso na disputa pelo voto, é visível o revés de baixa nas votações de Isaías e, portanto, a constatação de que sua vitória só foi possível graças a divisão dos demais concorrentes.
Outra constatação fácil de ser feita com base nos números é a de que o crescimento da votação da terceira via, apresentada em 2008 pelas candidaturas de Dr. Levi Pontes (PDT) e Dr. Talvane Hortegal (PT), se deu substancialmente sobre o eleitorado do grupo de Magno Bacelar, desiludido ao constatar que o "Nota 10" não é aquilo que outrora prometeu ser.
Contra o grupo de Isaías há outro peso. Apeado pela lei "Ficha Limpa", ele não será o candidato do grupo. Ignorando as pretensões do cunhado Vagner Pessoa, já lançou a filha, Isamara, como candidata a prefeita dificultando ainda mais a transferência de voto, que vem ficando cada vez mais escasso.
Somem-se a favor da terceira via ainda outros três fatores.
1. Unida, a 3ª via teria mais votos que a soma das duas candidaturas;
2. O impedimento legal de Isaías o enfraquece ainda mais;
3. A má avaliação do governo Danúbia lhe tira a competitividade.
1. Se o caminho natural da política é a bipolarização, numa cidade sem segundo turno isso é levado ao extremo. Se duas candidaturas despontam a frente, o eleitor sente que o seu voto numa terceira seria um voto perdido e que não define o eleito. Assim, o primeiro desafio é unir todas as forças políticas entusiastas da terceira via em uma candidatura só e apresentá-la para a sociedade como competitiva.
2. O eleitor, esse ser misterioso e difícil de entender, quer definir a eleição. Se ele vê seu voto depositado num candidato sendo anulado, tende a não repetir este voto com receio de vê-lo mais uma vez desrespeitado. Haja vista a última votação de Jackson Lago na disputa pelo governo estadual.
3. Danúbia é prefeita hoje sem ter vencido no voto. Perdeu e reverteu o resultado na Justiça. Se ela já não venceu antes, agora com a administração má avaliada seu sucesso nas urnas é ainda mais difícil.
E o PT?
Com a autoridade de quem nunca foi peba nem cambirimba, de quem agrega o suficiente para abrir diálogo com todas as lideranças políticas descontentes com os caminhos políticos de Chapadinha e de quem vive um momento de crescimento e fortalecimento em todo o estado, o Partido dos Trabalhadores deve assumir a responsabilidade de estar a frente deste processo.
"Estar a frente" não deve ser entendido como brigar para ter a cabeça de chapa a qualquer custo. Nomes para esta tarefa não faltam ao partido, mas todos os atores desta terceira via devem sentar para conversar desprendidos de vaidades e colocando seus projetos pessoais em segundo plano.
A candidatura que vai emergir deste processo não será vitoriosa se for fruto do desejo pessoal de quem quer que seja, mas tem tudo para lograr êxito se for construída como um projeto coletivo, com todos os agentes políticos sendo respeitados e de braços dados com a sociedade chapadinhense.
Os sindicatos, os movimentos sociais, entidades da sociedade civil em geral e a Academia devem ser inseridos na formulação de um programa de governo que mostre as bandeiras que este grupo levantará para mostrar ao eleitor que é diferente e melhor do que estes que aí estão.
Este humilde blogueiro avisa: Estarei inserido neste processo ajudando a construir este novo caminho.
Mesmo tendo sido vitorioso na disputa pelo voto, é visível o revés de baixa nas votações de Isaías e, portanto, a constatação de que sua vitória só foi possível graças a divisão dos demais concorrentes.
Outra constatação fácil de ser feita com base nos números é a de que o crescimento da votação da terceira via, apresentada em 2008 pelas candidaturas de Dr. Levi Pontes (PDT) e Dr. Talvane Hortegal (PT), se deu substancialmente sobre o eleitorado do grupo de Magno Bacelar, desiludido ao constatar que o "Nota 10" não é aquilo que outrora prometeu ser.
Contra o grupo de Isaías há outro peso. Apeado pela lei "Ficha Limpa", ele não será o candidato do grupo. Ignorando as pretensões do cunhado Vagner Pessoa, já lançou a filha, Isamara, como candidata a prefeita dificultando ainda mais a transferência de voto, que vem ficando cada vez mais escasso.
Somem-se a favor da terceira via ainda outros três fatores.
1. Unida, a 3ª via teria mais votos que a soma das duas candidaturas;
2. O impedimento legal de Isaías o enfraquece ainda mais;
3. A má avaliação do governo Danúbia lhe tira a competitividade.
1. Se o caminho natural da política é a bipolarização, numa cidade sem segundo turno isso é levado ao extremo. Se duas candidaturas despontam a frente, o eleitor sente que o seu voto numa terceira seria um voto perdido e que não define o eleito. Assim, o primeiro desafio é unir todas as forças políticas entusiastas da terceira via em uma candidatura só e apresentá-la para a sociedade como competitiva.
2. O eleitor, esse ser misterioso e difícil de entender, quer definir a eleição. Se ele vê seu voto depositado num candidato sendo anulado, tende a não repetir este voto com receio de vê-lo mais uma vez desrespeitado. Haja vista a última votação de Jackson Lago na disputa pelo governo estadual.
3. Danúbia é prefeita hoje sem ter vencido no voto. Perdeu e reverteu o resultado na Justiça. Se ela já não venceu antes, agora com a administração má avaliada seu sucesso nas urnas é ainda mais difícil.
E o PT?
Com a autoridade de quem nunca foi peba nem cambirimba, de quem agrega o suficiente para abrir diálogo com todas as lideranças políticas descontentes com os caminhos políticos de Chapadinha e de quem vive um momento de crescimento e fortalecimento em todo o estado, o Partido dos Trabalhadores deve assumir a responsabilidade de estar a frente deste processo.
"Estar a frente" não deve ser entendido como brigar para ter a cabeça de chapa a qualquer custo. Nomes para esta tarefa não faltam ao partido, mas todos os atores desta terceira via devem sentar para conversar desprendidos de vaidades e colocando seus projetos pessoais em segundo plano.
A candidatura que vai emergir deste processo não será vitoriosa se for fruto do desejo pessoal de quem quer que seja, mas tem tudo para lograr êxito se for construída como um projeto coletivo, com todos os agentes políticos sendo respeitados e de braços dados com a sociedade chapadinhense.
Os sindicatos, os movimentos sociais, entidades da sociedade civil em geral e a Academia devem ser inseridos na formulação de um programa de governo que mostre as bandeiras que este grupo levantará para mostrar ao eleitor que é diferente e melhor do que estes que aí estão.
Este humilde blogueiro avisa: Estarei inserido neste processo ajudando a construir este novo caminho.
Um comentário:
ótimo comentário sobre a política de Chapadinha!
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