Por: Almir Moreira –
Advogado
Meus caros, confesso uma
coisa, sou defensor arduo da democracia, já disse isso outras vezes, não me
canso de repetir, aprendi há muito, ela é um valor. Um valor universal. De tudo
já tentado para melhor a vida do homem neste planeta, não titubio, a democracia
foi e é a melhor experiência. Nossa evolução, enquanto espécie, exigiu a vida
em bandos, mas não retirou a individualidade, a particularidade, a
possibilidade de uns se sobreporem aos outros nos talentos. Daí as tentativas
de planificação, próprias do socialismo ortotoxo – para não dizer stalinista –
experimentadas como medida extrema para solução da fome, por exemplo, não
lograram exitos. Difícil, impossível nivelar talentos – artísticos, econômicos,
profissionais – são esferas do subjetivo, da superestrutura, consoante
ensinamento gramsciano.
Só a democracia, mediante o Estado de Direito, sob o império da Lei é capaz
de diminuir as desigualdades e de inibir o Estado demiurgo, no caso brasileiro
originado na nossa brutal formação política, econômica e social. Caminhamos
para a cimentação de um poder político cuja
estrutura é o Estado Democrático. Este Estado em construção emerge com a
participação efetiva da Sociedade Civil, por intermédio de Conselhos, Câmaras
Setoriais e Organizações Sociais, que mudam o perfil com relação a períodos
anteriores, donde a marca era esse Estado demiurgo responsável pelas políticas públicas.
A prática política campo de luta para essa
conquista, ora avança, ora recua, a Constituição de 88 marca indelével deste
novo momento foi fruto de um amplo debate democrático, marcou o avanço. Já
a legislação infraconstitucional, sobremaneira a tangente ao processo
político\eleitoral continua arcaica, retrógada e indigna deste novo momento,
porquanto atrasada, - espasmos como o espírito da Lei Ficha Limpa e a decisão
sobre fidelidade partidária, saúdam o novo tempo, mas pouco ainda - permite a
prática do que de pior existiu até hoje, e com chances de se não se sobrepor,
pelo menos, coexistir deturpando o valor democrático, por diminuí-lo,
corrompê-lo.
Neste momento de eleição vale se estabelecer
metas para preservar esse valor: democracia. Desde a estruturação da campanha
compreendendo, um bom programa de governo a ser mostrado para a população,
inteligente, capaz de agradar, plausível, real, de fácil execução, capaz de
envolver o povo, até a tática correta para a propaganda eleitoral são as molas
para o exercício da política moderna. Principal percepção, escolher as pessoas
certas para os lugares certos, ATENÇÃO!, nossa realidade, mesmo a que contemple
aspectos jurídicos, por exemplo, quem a conhece somos nós mesmo, a ajuda de
fora, de alguns que se julgam nestas épocas senhores de tudo, no geral
aproveitadores oportunistas, podem até ser bem vindas, mas nunca em detrimento
de nossas próprias possibilidades.
De improviso, só a arte, o sublime, e olhe
lá!, Imagine uma campanha política! Fico pasmo com o menosprezo e a
subestimação de muitos que por aqui, por amor ou muito menos custo ficam em
segundo plano; fico não menos pasmo com a falta de planejamento democrático,
com a organização das campanhas. Não é frescura, campanhas às vezes se decidem
em detalhes, em filigranas, em particularidades. Todas estas condições só os
que vivem a vida daqui têm mais condições de perceber; campanha eleitoral
responsável e moderna precisa se ajustar aos novos ares da democracia, no
respeito ao coletivo, aos militantes, ao povo, na sua realidade, sob
pena de parecer disputa futebolística, de times ou pior: nem este aspecto
coletivo preservar, mas parecer mesmo uma luta de apenas dois indivíduos, um
telekete.
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