Não quero generalizar nem maltratar
ninguém. Mas também não gosto de ser maltratado. E, pelo que vejo, há quem não
respeita ninguém e pensa só no seu proveito. Isso me indigna.
Campanha eleitoral é tempo de
autoelogios, de brilhantes discursos de quem não é gago... mas onde a verdade
sai poluída de bocas bem falantes, onde se altera a lógica da sã convivência,
onde se ridiculariza a honestidade, se enaltece a usura, se destrona o ser para
canonizar o ter.
Tem candidatos que dizem metade do
que pensam e prometem o dobro do que podem. Eu diria: tempo de “conversa
fiada”, de “papo furado”.
Sou tentado a comparar campanhas
eleitorais a peças de teatro em que candidatos fazem de atores. Só que não nos
divertem. Eles, sim, se divertem conosco. Pensam o que querem, dizem o que
calha, para depois fazer o que lhes apetece. Pessoas e estatísticas valem só
pelo número.
Promessas são confiadas à capacidade
criatividade de cérebros especializados em invenção. A realidade é esquecida e
pisada, pensando que a fome e o subdesenvolvimento dos pobres é apenas pequeno
acidente de alguns miseráveis.
A publicidade anuncia gente sabida,
os melhores do mundo... mas ninguém se admirará se depressa passarem a ser
piores que os mais péssimos. E quem nunca tomou partido perante graves
situações do povo agora aparece como salva vidas. E que fazer? – Ao menos,
devia haver vergonha!
As autoridades municipais fazem valer
sua influência promovendo reuniões em casas particulares para garantir votos
aos aliados, nem que sejam desconhecidos por todos. E aí fica a máquina da
administração pública usada indevida e perversamente.
Toda a cidade sabe e comenta isso, só
a justiça eleitoral local faz que o ignora. O que a Globo veio descobrir em
Municípios vizinhos pressupõe uma falta de ética, um atrevimento tão arrogante
que a todos espanta. E é afirmação corrente que isso acontece em todos os
Municípios.
Para quê as Câmaras Municipais que
têm a função de fiscalizar? E os nossos vereadores será que desconhecem tudo
isto? Por que calam? Mas, quando a Globo descobre algo de grave e o coloca no
ar a nível nacional, será que o descoberto continuará encoberto?
Adia-se eternamente a apuração dos
fatos e a punição (que serviria de exemplo a muitos outros!) nunca acontecerá.
Servirá para tornar mais conhecidos os infratores e mostrar que têm influência
no tremendo esquema de corrupção existente.
Mais valem quatro ou cinco votos que
a verdade e o bem comum. Esses megalomaníacos acham-se um caso à parte, com
substrato intocável. Fazem o que bem entendem e o resto desaparece como
fofoca.
Isto é tratar o povo como imbecil,
pisar a ética e tapar os olhos da população para prestigiar a roubalheira. É
criar um andar superior para estes senhores e fazer do rés do chão, que é o
povo, uma cloaca.
Coisa indignante! E eu fico a pensar
em tantos que apenas sobrevivem, a quem falta o pão, a alimentação, o trabalho
e o bom resultado do seu esforço. Tudo isto pisado pela ganância de meia dúzia!
Política não pode ser alfobre de problemas, amontoado de inutilidades, ambiente
infetado pelo vírus da corrupção que impossibilita o desenvolvimento e o bem
comum. E o nosso povo tem que aprender a ter dignidade e a não rastejar na
subserviência.
Gasta-se milhões em acessórios
supérfluos e esquece-se o essencial! Mas tudo isto de uma maneira tão
descarada, tão atrevida, tão criminosa que só espanta quem tem responsabilidade
social.
Nos casos que agora vieram a público,
alguns já foram presos. Mas os mandantes, os grandalhões, os que estão por trás
de tudo e ficam com o lucro das arbitrariedades dos seus “laranjas”, onde
estão? Andam por aí fingindo novos contratos, rindo e esfregando as mãos de
contentes, porque ainda ninguém as algemou.
Do Boletim da Paróquia de Chapadinha
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