Votei
na presidenta Dilma por três motivos principais presentes em sua primeira gestão, na exata ordem: distribuição
de renda e valorização das camadas mais pobres; inclusão de regiões esquecidas
como o nordeste na estratégia de desenvolvimento nacional; e contraponto à onda de intolerância e fundamentalismo comportamental.
Logo
nos primeiros lances vejo concessões ao mercado financeiro, fraqueza do governo e guinada a direita. Posso dizer que sinto dificuldade em me sentir representado
por quem ajudei a eleger. Mesmo assim há mais em jogo do que garantir um governo
que agora só é esquerda no papel e tanto se afastou do povo.
Entre
o revanchismo irracional dos derrotados de outubro e o pragmatismo astucioso
dos eternos golpistas de plantão, nossa democracia fundamentada na Constituição
de 88 e conquista de várias gerações, corre risco.
Verdadeira
e pertinente a insatisfação contra o governo federal, nem precisava tanto para
criar expectativa de volumosos os protestos marcados para o mês de março, basta
a divisão nacional patente nos votos dados ao candidato tucano. Se legítimas as
manifestações, o mesmo não se pode dizer da pretensão de afastar a presidenta.
Só é possível falar em Impeachment mediante crime de responsabilidade, o que nem
de longe materialmente se observa. Se
alguma prova de participação e beneficiamento direto surgir contra Dilma, serei
o primeiro a defender sua saída, ainda que lamentando a ascensão do vice,
Michel Tamer. (Muitos desavisados pensam que Aécio assumiria a presidência)
Impedimento
de Presidente da República tem regras definidas e propor a destituição de Dilma
sem o devido processo não é outra coisa senão GOLPE!
Não
me admira que o submundo da intolerância latente em nossa sociedade vocifere
por intervenção militar, retorno de ditadura, execução de esquerdistas e outras
loucuras. Estranho é a presença, entre eles, de personalidades que combateram o
último período de exceção e a sedução de biografias ditas democráticas pelos chocalhos
da tirania.
Nossa
democracia é jovem, a história tem pendor golpista e todo cuidado é pouco, pois
qualquer brincadeira pode ensaiar “o cântico lúgubre das liberdades perdidas”,
como alertou Mário Covas, dias antes da edição do AI5, em 1968.
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