“Vês!
Ninguém assistiu ao formidável enterro de tua última quimera”... “O mundo é um
moinho, vai triturar teus sonhos tão mesquinhos, vai reduzir as ilusões a
pó”...
De Augusto
dos Anjos a Cartola, não consigo ouvir ou ler palavras como ilusão, sonho,
fantasia, utopia ou quimera sem aguçar meus extintos mais humanos ou poéticos.
Quem tenta
rebaixar as ilusões a meros enganos dos sentidos ou da mente nunca soube quanta
nobreza há em ansiar por algo feito para não acontecer. São os mistérios de
suportar a expectativa do que não vai vir que dão sentido à vida e leveza ao
passar do tempo da eterna esperança.
Superlativamente
difuso, o direito à ilusão deveria figurar como norma pétrea de todas as
constituições sentimentais e de todas as declarações universais de amor e
compaixão.
Repudio a
valoração gradual das ilusões. Cada homem ou mulher deve ter o direito de
sonhar com a permanência do seu time na serie b ou com reversão de dolorosa
pisa eleitoral com o mesmo orgulho de quem deseja a paz no Oriente Médio e o
fim da fome no mundo.
Comovido
pelas atuais miragens políticas de minha cidade, pelas alucinações jurídicas destes
dias e pela sofrência de algum vizinho, convoco a todos para um comício em
favor dos iludidos em geral.
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