Depois
de colocar o desejo da morte dos assaltantes acima da integridade física das
reféns do sequestro que abalou Chapadinha, aquela turma que pensa que o problema da violência se resolve com mais
violência ainda apontou suas armas (ops, seus comentários) contra os defensores
dos direitos humanos, sem se dar conta de que foi justamente a observância dos
direitos humanos, especialmente os das vítimas, que propiciou o desfecho pacífico.
Cheios
de frases de efeitos, ditados populares e retórica de sendo comum, os que avistam
em qualquer ato criminoso capaz de gerar comoção uma oportunidade para queimar a
luta por direitos humanos trabalham contra todos nós e contra si que também pode
se ver naquela situação.
Para além
do estereótipo de militantes de ONGs, na negociação de ontem estavam um juiz de
direito, policiais militares e civis, defensores públicos, advogados em nome da
OAB e a imprensa cada qual fazendo o seu papel dentro da lei e priorizando a
vida em geral.
Se as vozes
da vingança e dos comentários de sangue das redes sociais tivessem se
sobreposto à doutrina da negociação, talvez tivéssemos a comemoração exultante
por dois bandidos mortos e tímidos lamentos por três vítimas inocentes ceifadas
como efeito colateral. Teria valido a pena a eliminação de dois facínoras em
troca da vida daquelas senhoras?
Se a resposta a indagação acima parece óbvia,
o mesmo não se pode dizer sobre o que fazer para diminuir o crime e oferecer
mais segurança à nossa sociedade. Por hoje eu festejo a vida e parabenizo todos
os envolvidos pelo resultado.
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