terça-feira, 18 de outubro de 2016

Vidas, Reféns e Direitos Humanos


Depois de colocar o desejo da morte dos assaltantes acima da integridade física das reféns do sequestro que abalou Chapadinha, aquela turma que pensa que o problema da violência se resolve com mais violência ainda apontou suas armas (ops, seus comentários) contra os defensores dos direitos humanos, sem se dar conta de que foi justamente a observância dos direitos humanos, especialmente os das vítimas, que propiciou o desfecho pacífico.

Cheios de frases de efeitos, ditados populares e retórica de sendo comum, os que avistam em qualquer ato criminoso capaz de gerar comoção uma oportunidade para queimar a luta por direitos humanos trabalham contra todos nós e contra si que também pode se ver naquela situação.

Para além do estereótipo de militantes de ONGs, na negociação de ontem estavam um juiz de direito, policiais militares e civis, defensores públicos, advogados em nome da OAB e a imprensa cada qual fazendo o seu papel dentro da lei e priorizando a vida em geral.

Se as vozes da vingança e dos comentários de sangue das redes sociais tivessem se sobreposto à doutrina da negociação, talvez tivéssemos a comemoração exultante por dois bandidos mortos e tímidos lamentos por três vítimas inocentes ceifadas como efeito colateral. Teria valido a pena a eliminação de dois facínoras em troca da vida daquelas senhoras?

Se a resposta a indagação acima parece óbvia, o mesmo não se pode dizer sobre o que fazer para diminuir o crime e oferecer mais segurança à nossa sociedade. Por hoje eu festejo a vida e parabenizo todos os envolvidos pelo resultado.       

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