Desde sempre
e pelos acontecimentos mais recentes a palavra Corrupção vem sendo gasta atoa por
ignorância ou usada desonestamente por espertalhões de toda ordem, mas para travar
um debate sincero, é preciso reconhecer as raízes profundas e a impossibilidade
de se estancar a falta de ética com uma única medida ou operação judicial.
Componentes
da formação do nosso povo, o “jeitinho e a malandragem” não se restringem aos líderes políticos, estão presentes na furada de fila, na cola de uma
prova, na cervejinha do funcionário, no desembolso de agrado para escapar de multa
e assim somos parte de uma gente leniente com pequenos e grandes desvios. Desde
que os pequenos erros sejam cometidos por nós que não queremos deixar de ser
espertos e as grandes maracutaias empreendidas por políticos que nós apoiamos
ou simpatizamos.
Para constatar
que esse jogo atinge o coletivo, basta ver o silêncio das ruas depois da queda
das pedaladas e ascensão dos milhões das caixas de papelão.
Outra
distorção perigosa é que estamos focando demais nas demasias dos agentes
públicos eleitos como se brasileiros fossem só eles e nossos agentes públicos
concursados suíços e nosso empresariado finlandês. Ao contrário, não existe um
malfeito que não tenha dedo da elite financeira - que é quem de fato manda na
bodega nacional – e os zigs-e-zags do TSE e Supremo estão a mostrar que nosso
judiciário é daqui mesmo.
Nesta
quadra da história é de extrema insolência abordar o Brasil como ele é, parece
defesa desta ou daquela personagem e aceitação passiva desse traço
antropológico e negativo da nação. Há quem ache que um juiz de capa espada ou
um presidenciável vestido Rambo vá resolver a parada ou os que milicos voltem
pela enésima vez tentar moralizar parindo e nutrindo Malufs, ACMs e Sarneys, não
tenho essa ingenuidade.
A Corrupção é fenômeno sério e danoso demais para se buscar combater por fora
de um processo histórico, evolutivo, longo, institucional e educacional, e que
até já podemos vislumbrar progressos. E mais avançaremos quanto mais deixarmos
de ser o tipo hipócrita que só enxerga corrupção nos outros ou o cínico que se fixa
e tira proveito na falta de ética fato imutável, intransponível.
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