sábado, 19 de março de 2011

Contra a Cibercensura


Por ocasião do Dia Mundial contra a Cibercensura, a 12 de março de 2011, Repórteres sem Fronteiras elaborou um ponto da situação da liberdade de informação online. "Um em cada três internautas no mundo não tem acesso a uma internet livre. Cerca de sessenta países, em maior ou menor grau, censuram a rede e perseguem os net-cidadãos. Pelo menos 119 pessoas se encontram presas pelo simples fato de terem utilizado a internet para se expressar livremente. 

Estes números são por si sós assustadores. Apesar da rede ter desempenhado um papel crucial nas recentes revoluções tunisiana e egípcia, são cada vez mais os governos que tentam manipular a informação que circula pela internet e suprimir os conteúdos críticos. Mais do que nunca, é necessário defender a liberdade de expressão online e proteger os ciberdissidentes. Esse Dia Mundial também deve servir para homenagear a solidariedade mútua entre os internautas", declarou Jean-François Julliard, secretário-geral de Repórteres sem Fronteiras.

Os inimigos da internet
Repórteres sem Fronteiras divulga um relatório de 70 páginas que faz um balanço da situação da liberdade de expressão online nos 10 países considerados como inimigos da internet e nos 16 países colocados sob vigilância. Os regimes repressivos desenvolvem intensos esforços para controlar os conteúdos digitais, desde censura até repressão física dos utilizadores da rede, passando pela difusão massiva de propaganda.

"A Tunísia e o Egito abandonaram a lista dos inimigos da internet após a queda dos respetivos regimes. Contudo, esses países continuam sob vigilância, tal como a Líbia. As conquistas da revolução têm que ser consolidadas e as novas liberdades devem ser garantidas. Democracias – como a Austrália, a Coreia do Sul e a França – também foram colocadas sob vigilância, devido a diferentes medidas que podem acarretar consequências negativas sobre a liberdade de expressão online e o acesso à internet", acrescentou o secretário-geral da organização.

Mobilização num site específico
Por ocasião desse Dia Mundial, Repórteres sem Fronteiras concebeu uma página específica na qual os internautas podem baixar o pictograma que representa a defesa da liberdade de expressão online. É igualmente possível ver um filme realizado para a ocasião pelo ilustrador francês Joel Guenoun e consultar o mapa dos "buracos negros" da rede global.

Pede-se aos cibernautas que divulguem essas informações nas redes sociais, blogues e nos sites de apoio aos net-cidadãos presos. Podem utilizar o pictograma disponível em vinte línguas diferentes (entre as quais o chinês, árabe, birmanês, turcomano, persa ou russo) como imagem de seu perfil Facebook, Twitter ou em outras redes sociais.

2010, ano da internet?
O ano de 2010 assistiu à consagração das redes sociais e da internet como instrumentos de mobilização e de transmissão de informações. Por outro lado, ficou igualmente marcado pela crescente complementaridade entre a mídia tradicional e a nova mídia, exemplificada pela primavera árabe, mas também pela publicação dos telegramas diplomáticos americanos pelo WikiLeaks, em parceria com vários meios de comunicação internacionais.

A internet continua sendo uma ferramenta, utilizada tanto para o melhor como para o pior. Nos países mais fechados ao exterior, cria um espaço de liberdade. Seu potencial de difusão de informações exaspera os ditadores e torna ineficazes os métodos tradicionais de censura. Se a internet é utilizada pelos dissidentes, também o é pelas autoridades, a fim de difundir a propaganda oficial e reforçar a vigilância e o controle das populações.

A nova estratégia dos regimes autoritários já não passa tanto por um bloqueio puro e duro, mas sim, pela manipulação e propaganda online. Se é certo que alguns países, como a China, a Arábia Saudita e o Irã, continuam aplicando um filtro rigoroso, e inclusive intensificando-o em períodos de crise, os internautas vão aprendendo cada vez melhor a contornar a censura.


Repórteres Sem Fronteiras  

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