Por: Almir Moreira - Advogado
No ano de 1755, Lisboa foi atingida por um terremoto avassalador. Segundo estudiosos, quase 9 graus na escala Richter, algo parecido ao Tsunami asiático. O terremoto português foi sentido 2.500 Km dali. Em meio a tremor de terra foi açoitado um incêndio de enormes proporções, é que era dia de todos os santos, e certamente o adorno - grande quantidade velas - de residências e igrejas, quando sacudidas terminaram por provocá-lo. O prejuízo econômico foi imenso e muitas vidas foram perdidas. A capital portuguesa teve de ser reconstruída.
Para essa reconstrução, a Corte Portuguesa que há séculos se alimentava do Brasil passou a agir com relação a sua Colônia com mais sede e fome. Aumentaram os impostos e a vigília para arrecadar. Logo, logo os sentimentos de independência brotaram com mais vigor. O celebre episódio da Devassa marcou bem àquela época. Portugal precisava de ouro e diamante para pagar sua conta com a Inglaterra e, ainda não correr o risco de ser invadido por um dos seus vizinhos. Na ciência Voltaire nas asas da Revolução Industrial, do Iluminismo e do Capitalismo levanta a discussão sobre a natureza do dito terremoto, ensaiava-se a separação entre religião e razão. O certo é que essa tragédia terminou por influenciar a história, me detive rapidamente em apenas dois aspectos, mas outros foram registrados. Um dos principais para nós foi a luta pela independência do Brasil, foi a percepção de nossa elite e de camadas da população para este fato, enfim foi a compreensão de que a política é a fonte para resolução das situações.
A tragédia das chuvas no Rio de Janeiro é uma tragédia anunciada, há mais de duas décadas situações como esta se repetem. Ano passado o carioca de Angra dos Reis viu de perto este sofrimento. São Paulo, também. Santa Catarina, não foi diferente. Como aumentou o numero de mortes parece que agora a coisa foi mais grave. Na verdade, tudo isso é fruto da falta de política. O povo a deixou de lado – ou nunca esteve do lado dela – para se lambuzar com a politicagem, vota em quem tem dinheiro, em quem dar ou faz favores. Vota por votar, e o faz como um torcedor de time de futebol. Vota em cartaz bonito, em quem tem o melhor trio elétrico ou em quem trazia o melhor cantor como era no passado próximo. Em algumas situações elegem certos “messias” e, os seguem cegamente.
Sem política, que privilegie a educação e que o administrador aja sob as algemas do planejamento nós custaremos a deixar de enterrar nossos mortos; mesmo que para isto não tenham morrido, sejam mortos vivos como muitos nordestinos sofridos pela seca inclemente do nordeste conhecida há séculos.
O futuro está oculto no passado; o futuro se acha no passado. O que é presente, como a catástrofe no Rio de Janeiro, era até o inicio do verão carioca o futuro, pois estava guardado no bucho do passado recente, afinal no período das chuvas de 2010, os cariocas enfrentaram o mesmo drama. Não foram as águas as responsáveis por esta tragédia, ela é resultante desta promiscuidade da sociedade com seus políticos tradicionais, aferrados a administração de quantidade em detrimento da qualidade, da edificação de obras faraônicas aliadas ao populismo barato do tipo pode construir na encosta dos morros, sobre antigos lixões, enfim, do jeito que quiserem, pois tudo é permitido, desde que nunca se permita mudar este estado de coisas onde a representação política aparece como uma “classe social” apartada de nossa realidade.
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