segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Quando o Humorista Perde a Graça



Por: Gerry Feitosa – Publicitário

Este texto é sobre Jô Soares. Assisti ontem edição do programa Pânico na TV, da Rede TV, em que o humorista Carioca faz imitações de várias celebridades, entre elas, a do humorista e apresentador de talk show global. 

Antes de dar aqui a minha opinião como telespectador (atenção, vou repetir), antes de dar a minha opinião como telespectador, antes de exercer o meu direito de achar o que eu quiser como telespectador e consumidor de um produto televisivo, afinal não sou crítico de TV, quero registrar que o programa comandado por Emilio Zurita é uma fórmula cansada e tem quadros toscos. Só se salva graças às imitações feitas pelos ótimos Ceará, Cesar Povilho e Carioca, o talentoso e hilário Jô Suado.

Pois bem, pra quem não assistiu, no programa passado, o Carioca, fantasiado de Jô Suado, tentou entrevistar o ídolo Jô Suares. Foi sumariamente ignorado pelo artista, atitude que considerei lamentável, infeliz, de um artista que tantas vezes aplaudi, recomendei, tietei, joguei confete, fiz reverências. 

O Jô é engraçado, divertido, inteligente, gênio. Todo mundo sabe. Mas, como todos os mortais, teve seu dia de babaca, um verdadeiro otário. Simplesmente se recusou a falar com o humorista da outra emissora alegando que ele não poderia fazê-lo. Desculpa esfarrapada de alguém extremamente incomodado com uma situação, com um quadro do programa Pânico que o imita muito bem. Quando indagado pelo humorista da outra emissora sobre qual a diferença entre eles, Jô afirmou de longe, e sem olhar para Carioca, que não enchia o saco das pessoas.

Ok. Então, aqui vão alguns questionamentos que me vieram à cabeça: fazer humor é encher o saco das pessoas? O ofício que lhe deu fama nos tempos do seu memorável programa Viva o Gordo é encher o saco? O humor que incomoda, toca na ferida e enche o saco é ruim? O humor do Jô nunca encheu o saco das pessoas alvo do seu humor?

Vai lá Jô e pergunta para os inspiradores das tuas personagens e entrevistados o que eles acharam das tuas anedotas. Não vou nem entrar no mérito se estas pessoas sacaneadas mereciam as piadas ou não. É claro que ninguém gosta de virar piada. Só que o mínimo que se pode esperar de um humorista é um pouco de bom humor, não é?

Vendo esta reação do Jô, cada vez acredito mais naquela máxima que diz: todo grande gozador detesta ser zombado. E digo mais: não existe nada mais sem graça do que um humorista que se leva muito a sério.

Nenhum comentário: