Por
enquanto a única coisa certa é que a onda de protestos tem motivação muito
maior que os tais 20 centavos do aumento das tarifas de ônibus. Contra gastos
da copa, corrupção e em favor de mais verbas para saúde e educação parece unir
o povo nas ruas.
Politicamente
é pouco provável que alguma corrente de pensamento se beneficie do clamor
popular. Há seguidores de Feliciano lado a lado com ativistas da bandeira do
arco-íres, monarquista (um só) entre punks anarquistas, tinha admiradores do
Bolsonaro de braços dados com comunistas do PSTU e PCO e quando o PSDB já
comemorava uma ou outra palavra de ordem contra Dilma, vem a notícia que
estavam tentando atear fogo no Palácio do Alckmin.
Fomentado
nas redes sociais o movimento contempla tudo que tem de bom e de ruim no cyber
espaço: liberdade para se expressar, pluralidade de opiniões, ímpeto anárquico
e bom humor, de outro lado muita gente repetindo mazelas nacionais tão óbvias
quanto antigas, garotada acreditando em lendas facebookianas e literalmente nenhuma proposta concreta para superá-las.
Entre
um vandalismo e outro, o perigo de um movimento sem propostas e que tenta
demonizar a classe política como se todos fossem iguais uns aos outros, como se
antes destes não tivesse um voto popular que os elegessem e sem se tocar que
ainda não inventaram nada melhor que a democracia representativa e nada
substitui o voto na hora de mudar o que tá errado, podemos estar assistindo (ou
colaborando com) o despertar de um novo sono profundo.
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