Em pouco mais de três horas de explanação na câmara o secretário
de Saúde Charles Bacellar tentou mostrar por “a mais b” como transformou o caos
deixado pela gestão anterior numa saúde perfeita e de primeiro mundo, muito
diferente da realidade sentida pelos usuários.
Desculpas Eloquentes
Com domínio de oratória e conhecimento do tema, Bacellar
intelectualmente mostrou ser um auxiliar acima da média do governo Belezinha e
o melhor quadro da família do ex-prefeito Isaías. Habilidosamente ele lançou
números e estatísticas sem deixar brecha pra confronto e “rolou o lero” de forma
eficiente para escapar de perguntas desagradáveis.
O Drama da Falta de Leitos
Logo de início o secretário demonstrou preocupação com a opinião
pública negativa a respeito do fechamento dos Hospitais HCC e São Francisco e
da evidente diminuição dos leitos. Desqualificou os serviços do HCC e declarou
que o São Francisco não poderá voltar a funcionar como Hospital novamente,
mesmo que particular. Disse que o HAPA tem hoje 80 leitos, sem mencionar que o
CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde) contou 44 leitos na
unidade ou mostrar como dobrou esse número sem ter mexido num tijolo do
prédio.
A Mágica dos Leitos
Contrariando opinião de outros especialistas que avaliam
necessidade de 150 leitos, o secretário disse que Chapadinha tem número satisfatório
de vagas para internação, como se nunca tivéssemos notícia de altas precoces e
gente indevidamente despachada pra casa por falta de leitos no HAPA durante sua
gestão.
Perguntas Sem Respostas
Entre as perguntas dos vereadores que ficaram sem resposta
destacamos: de quem foi a decisão de fechar hospitais se dele ou de Belezinha? Valor da Folha de Pagamento e número de contratados? Se empresa de sua família
teria vendido os equipamentos de RX? Se havia assédio moral no HAPA? Como ele
teria conseguido colocar 80 leitos onde só cabe 44? Se passa ou não três dias da
semana trabalhando em São Luis?
Melhoras Ofuscadas
O esforço para “vender” a imagem de uma saúde perfeita acabou
colocando avanços reais importantes como a melhoria da manutenção das ambulâncias e
a realização de cirurgias ortopédicas em segundo plano. Insistir na perfeição e
deixar de assumir dificuldades que persistem acaba desacreditando o gestor.
Pérolas
Mesmo com o discurso qualificado o secretário não deixou de
cometer gafes. Minimizou as filas nas emergências, dizendo que até o melhor
hospital dos EUA tem espera; e – entre outras coisas - declarou ter
trabalhado por um salário de 300 reais no Socorrão e alegou, de forma
deselegante, haver atendido adversário político por insistência de Isaías. Porém a pérola das pérolas foi afirmar ter aprendido com Isaías que o dinheiro da
prefeitura é do povo, sem se tocar que o sogro aparece em todas as listas
possíveis de malversadores de verbas públicas.
Escapismo
Se alguém esperava um fiasco de Charles Bacellar na câmara (que
nunca foi o caso do titular deste blog) deve ter saído frustrado. O ufanismo do
grupo Isaías tem lá sua razão porque no estafe de Belezinha definitivamente não tem ninguém
melhor que Bacellar para o cargo. No meio de muitos assuntos que ainda
abordaremos sobre a sessão de ontem, literalmente tirando os mortos e feridos reais que precisarão do precário SUS de Chapadinha, subjetivamente escaparam-se
todos.
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