O governador do Maranhão, Flávio
Dino, exonerou 48 funcionários que batiam ponto na antiga Fundação José Sarney.
A entidade mudou de nome, mas ainda é destinada a manter o acervo do
ex-presidente. Foi estatizada na gestão de sua filha, Roseana Sarney.
As peças ficam no Convento das
Mercês, erguido em 1654. Seus visitantes encontram fotos da passagem de Sarney
pela Presidência, os carros que o transportavam em Brasília (um Landau e uma
Caravan) e quadros que retratam sua família em trajes religiosos. No jardim,
uma lápide de granito negro marcava o local de um futuro mausoléu. Depois foi
trocada por uma estátua do senador em bronze –que ele diz não estar mais lá.
Nos últimos três anos, o memorial
custou mais de R$ 8 milhões aos cofres maranhenses. Dino, o primeiro adversário
do clã a governar o Estado em cinco décadas, decidiu destinar o espaço a
atividades educacionais e outros tipos de exposição.
“Sarney acha que o convento é
dele, mas o prédio pertence ao Estado. É absurdo usá-lo para guardar o
patrimônio de uma família”, critica.
O governador nomeará hoje uma
comissão para decidir o futuro do acervo. “Vamos preservar o que tiver valor
histórico. O que caracterizar mera promoção pessoal será devolvido ao
proprietário”, avisa.
Sarney tem direito de preservar suas
relíquias do Planalto. Mas deveria mantê-las em um instituto privado, como
fazem Lula e FHC.
Os dois seguiram o exemplo dos
EUA, onde os ex-inquilinos da Casa Branca recorrem a doações para abrir
bibliotecas em seu Estado natal. A de Bill Clinton fica em Arkansas e mantém
parte do acervo na internet. No site, é possível comprar sua biografia
autografada por US$ 500 (cerca de R$ 1.330).
Sem verbas públicas, a fundação
de Sarney precisará de novas fontes para pagar as contas. Poderia passar a
vender exemplares assinados dos romances dele, como “Marimbondos de Fogo” e
“Brejal dos Guajas”.
BERNARDO MELLO FRANCO, da Folha
Nenhum comentário:
Postar um comentário