segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Ivandro Coêlho Detona Marcelo e Família


"Pegue um playboy mimado, uma dondoca autoritária e um político ultrapassado e ponha-os no caldeirão do poder: eis a fórmula perfeita para um governo instável e explosivo. Essa bomba caseira começou a ser detonada durante a eleição para a mesa diretora da Câmara Municipal.

O que seria a coroação de uma vitória brilhante nas urnas acabou se transformando num espetáculo grotesco, patético, com direito a gritos histéricos, murros na mesa, ameaças veladas e abraços furtivos entre antigos desafetos. A oposição, claro, deitou e rolou na sopa. E tinha razão para comemorar: além de enrolar o playboy, ainda ganhou um importante trunfo no jogo político.

Toda essa pantomima poderia ter sido evitada se a maturidade não tivesse cedido lugar ao imediatismo; se o fisiologismo não prevalecesse sobre o interesse público e se a truculência dos Meneses fosse substituída pelo diálogo. Infelizmente não foi assim. Em lugar de acordo, preferiram o escândalo. Para isso, não hesitaram em atropelar aliados e jogar flores para os inimigos, excluindo qualquer possibilidade de negociação amigável entre vereadores, prefeita e lideranças.

Mas sejamos francos: exigir equilíbrio de quem tem o hábito de resolver conflitos a socos e pontapés não parece algo plausível. O mais fácil para pessoas desse tipo é plantar mexericos e semear discórdia. É tentar boicotar um governo que mal começou pelo simples fato de se considerarem “donos dos votos”. É querer aplicar as mesmas práticas administrativas do governo anterior (refiro-me aqui ao inchaço da máquina pública) com vistas à eleição para deputado.

Tudo isso me faz lembrar Tocqueville, quando diz: “A verdade é que a vaidade dos homens pode dar os espetáculos mais diversos, sem mudar de natureza: ela tem um verso e reverso, mas é sempre a mesma medalha”. O autor se refere ao intenso conflito entre bonapartistas, socialistas e republicanos logo após a Revolução de 1848 na França, durante a chamada República Social.

No nosso caso, tudo aparentemente não passou de mera disputa de cargos, marcada pelo arroubo infantil de um parlamentar vaidoso. Mas quem tem um faro mais apurado certamente sentiu ali o cheiro de um futuro golpe friamente planejado. Isso, porém, só a história irá confirmar. Será que a prefeita também já percebeu que os canibais estão na sala de jantar? Se a resposta for sim, o melhor seria adotar a velha e eficiente tática de sobrevivência: um olho no peixe, outro no gato."

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