Muito se tem debatido sobre a chamada política de “pão e circo” numa alusão às inúmeras festividades que as autoridades exploram como forma de anestesiar a consciência popular para seus reais problemas.
Com relação aos que acham que toda festa ou show tem o viés alienante, lembramos o trecho de Arnaldo Antunes quando diz que “a gente não quer só comer; a gente quer comer e quer fazer amor. A gente não quer só comer, a gente quer prazer pra aliviar a dor”, como mostra de que dimensão humana não comporta somente satisfação da fome física e material.
No momento em que se tem notícia de que a prefeitura de Chapadinha firmou convênio para fazer o São João, parece um despropósito trazer exclusivamente bandas de forró eletrônico de animação garantida, mas gosto pra lá de duvidoso, ou cantores de arrocha ou brega que só aguçam a falta de conteúdo.
Não estou dizendo que a prefeitura deixe de trazer quem quer que seja, nem que tais gêneros não tenham seu lugar e momento, o que lamento é a exclusividade do “oxente music” contra a impossibilidade de vermos MPB, cantores maranhenses, bois tradicionais (Morros, Nina Rodrigues e Axixá, por exemplo), danças como cacuriá e caroço... Sem falar – noutro contexto – em Teatro, música instrumental e clássica.
O Boi de Morros neste domingo se apresenta em Mata Roma, enquanto em Chapadinha a festa dos Santos de Junho é encerrada por Rodrigo Alves.
Talvez não seja pedir muito uma programação mais autêntica, pois, nas palavras do ex-ministro da cultura Gilberto Gil “o povo sabe o que quer, mas o povo também quer o que não sabe”. Enquanto a prefeitura não entender isso continuará trocando a boa política cultural pelo “pão e circo” do mais vulgar.
2 comentários:
Apoiadíssimo, meu caro!
Falou tudo o que eu queria dizer.
caro alexandre, o dinheiro não dá, as verbas são poucas. É uma vergonha prefeituras como de joca marques e outras dão um show de organização, ornamentação e atrações e são cidades pequenas, aqui os desvios são grandes
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