segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A Política Arcaica



Por: Almir Moreira – Advogado

A tecnologia vai tratando de se renovar ou de se reinventar. Ninguém recorre mais a velha máquina de escrever o computador a deixou na poeira.

 A história é constantemente reescrita. Até outro dia não sabíamos nada a respeito da pré-história brasileira. Luzia, fóssil humano, datado de mais de dez mil anos, achado no centro-sul, por exemplo, revela esta mudança.

 Enfim, tudo estar em movimento, tudo muda, tudo se transforma. Esta é uma lei da natureza válida para o mundo físico e para o mundo social.

Entretanto, na política partidária realizada no interior do Brasil, mais no interior, apesar dos grandes centros também vivenciarem experiências semelhantes esta lei natural – movimento e mudança – parece não vigorar. O modo de operar dos políticos com mandatos ou não, parece estar estagnado, pois se repete anos a fio. Parece ter sido sempre deste jeito e deste jeito vai continuar. Claro, falo isso de forma genérica, há exceções, mas raríssimas.

Basta o sujeito se bandear para o lado da política partidária almejando um mandato para ele logo abrir a velha cartilha donde tem anotado em letras garrafais ensinamento mal copiado ou inspirado na máxima franciscana: “é dando que se recebe”. O perfil que ele apresenta é de que pode ajudar individualmente, tem posses e condição financeira para isso. Pode pagar uma conta de luz, comprar remédios, ajudar na construção da moradia, rebocar um templo, comprar uma bola, enfim, o rol assistencialista é enorme. Depende do seu bolso e do sujeito passivo nesta relação. É assim, que se vai construindo a chegada ao poder, por esta via, despolitizada e arcaica. O sujeito já no poder também não foge à regra e executa até com mais elasticidade esta prática.

Porém, como a velha máquina de escrever esta prática está fadada a se aposentar. A coerção explicita da lei a esta experiência assistencialista e a estruturação mais eficaz das instituições sociais e estatais são seu grito de morte. O Poder Judiciário outrora capenga, deficiente em  instalações físicas e quadros e, por falta de um arcabouço jurídico pertinente a esta situação aponta como verdadeiro guardião da lei e volta-se para afirmar as conquistas do estado democrático de direito. Estou errado? Já se esqueceram da quantidade de gente cassada por esta prática. O Maranhão, bem ou mal explicado, viu isso.  

Meios de comunicação, assessoramento com gente do ramo, plataforma programática bem definida, política de alianças bem azeitada, envolvimento dos segmentos sociais mais politizados são o norte a ser seguido, até porque se assim não for conheceremos a barbárie novamente, pois a política do jeito que está contribuirá para afundar com os mais nobres valores de ordem moral afirmados ao longo da história humana. Sei que o passado não desgruda do presente facilmente, às vezes até é preciso, em tese, carregá-lo junto, mas a mudança é irremediável, jamais num passado próximo se imaginaria o que estar ocorrendo Brasil afora, cassações e mais cassações de mandatos das mais variadas figuras do meio político. Querer iniciar na política para conquista de mandato ou se manter nele apoiado apenas na velha prática do é “dando que se recebe” não é sábio. É permitir ser rondado o tempo todo pelo perigo.

Nenhum comentário: