Ambiguidade,
no apropriado sentido de algo poder ser a um só tempo nojento e digno, é o
termo em que se pode resumir o ocorrido ontem na Câmara Municipal de
Chapadinha. Se o papel dos vereadores de Belezinha foi asqueroso, os
parlamentares da oposição cumpriram com altivez sua missão numa tarde-noite em
que a opinião pública mostrou fortaleza e o povo livre brilhou.
Flagra do Blog do Foguinho |
O
Povo Contra os Amilhados
Entre
diretores de escolas e pessoal contratado, aqueles que iriam aplaudir o projeto
das 221 vagas chegaram cedo. Já antes das 15 horas, diretores de escolas
aguardavam a abertura do prédio da câmara sob a sombra de uma figueira da
Praça. Foram os primeiros a entrar ocuparam os dois lados das galerias, mas
foram logo cercados por estudantes universitários, professores concursados e
ativistas em geral. Numérica e moralmente abafados, a participação dos
subordinados oficiais só teve relevo com uma ameaça de morte por um deles lançada:
“vai morrer e não custa”, gritou um conhecido vigia contratado contra o
vereador Eduardo Braga (PT).
Suspeito de Ter Ameaçado Vereador Braga /Blog do William Fernandes |
Vereadores que Votaram Contra Mais Vagas Divulgada em Redes Sociais |
Exaltação
Patética
Pela
afoiteza, o discurso mais deprimente foi de longe o da vereadora Marcia Gomes (PR).
Quando poderia seguir seus pares, se limitando ao sim e ao não conforme o
acertado com a prefeita ou imitar o tom prudente dos guias Irmão Carlos (PRB) –
líder de direito – e Samuel Mistron (PMDB) – líder de fato –, Marcia optou pela
fervorosa defesa do projeto e pelo deboche com o povo. Declarou (pasmem!) que
cadastro de reserva obrigaria a prefeitura a chamar os excedentes e disse que a
luta por mais vagas era ação de poucas pessoas: “esse movimento todo ai é debate
de cinco ou seis pessoas em redes sociais, povo mesmo não vi”, afirmou sob
vaias.
Contradição
Militante
O mais
incoerente foi o vereador Manin Lopes (PT), começou reclamando da falta de
esclarecimento por parte do executivo com relação ao número de contratados
atuais e quanto às reais necessidades e possibilidade de pagamento por parte da
prefeitura. Falou que o poder legislativo deveria ficar acima de interesses
pessoais, levando a crer que votaria contra ou se absteria. Depois de
acompanhar integralmente a base do governo, fechou a conta proferindo a pérola:
“mesmo sem a transparência (da prefeitura), meu voto é sim ao projeto”,
finalizou o voto e a pretensão de ser o último guardião da ética.
Populares Apoiam Oposição/Foto Foguinho |
Oposição
Aclamada
Nonato
Baleco (PDT) foi o magistrado que a sessão histórica exigia. Missicley Araújo
(PR) firme e em sintonia com sua classe de professora. Eduardo Sá (PRTB) fez o
melhor discurso de seu mandato até aqui. Eduardo Braga (PT) defendeu com inteligência
seu ponto de vista, foi o mais hostilizado pelos governistas e, sem aceitar provocações, em todo
tempo pedia acordo pela retirada do projeto e pela ampliação das vagas.
Resultado: foram aplaudidos pelos atores principais do espetáculo, os populares
presentes, enquanto os 10 governistas saiam hostilizados.
Belezinha Cara de Poucos Amigos: Foto Adorildo Japa |
A
Vitória de Quem Perde
Estampada
em matérias de todos os blogs governistas, o olhar distante e o semblante de
indisfarçável amargura, a prefeita Belezinha em foto ao lado do secretário
Francejane (Educação) era a cara da derrota, a face de quem perdeu a batalha da
opinião pública e comprou caro uma aprovação que só lhe acrescenta desgaste.
Populares Acompanhando à Sessão Debaixo de Chuva |
A
Derrota de Quem Ganha
O povo
anônimo, agitado e altivo; do cidadão que de ouvidos atentos teve o rádio como
testemunha de corações e mentes irradiando esperança e vibrações positivas ao
plenário João Batista Barros; do chapadinhense distante, mais um exilado pela
falta de emprego, que acompanhou a tudo pela internet; àquele que solitário ou
em grupo, debaixo de chuva, se dirigiu ao Palácio Legislativo e ali prenunciou o
fim do conformismo: foram estes, senhores, os vitoriosos desta quadra da nossa
história.
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