Por: Almir
Moreira – Advogado
Vi no blog do Braga bom
debate sobre aspecto da conjuntura política local, eleições do próximo ano,
claro, a eleição para prefeito. Sobre conjuntura, inclusive, qualquer um pode
opinar. Parece com futebol todo mundo é técnico. Contudo, se querem levar a
coisa um pouco mais profundamente considerações sobre a estrutura e a
superestrutura, elementos da sociedade, não podem ser desconsiderados para
formulação da análise do momento histórico. Grosso modo, economia e cultura
(visto aqui reduzida; valores morais, organização social, religião, política e
estado) precisam entrar na conta para a análise da conjuntura. Se a abordagem
não se der desta forma o idealismo campeia frouxo, e o que poderia ser uma
análise forte para compreensão do momento histórico com consequente definição
de uma tática para superá-lo não passará de um arremedo de boas intenções. Não
basta idealizar. É preciso compreender. O idealismo é uma praga, pois foge da
realidade histórica, renega-a.
O avanço da economia e
da democracia dá os primeiros passos para uma melhor e maior sofisticação da
cultura política no País. Nossa terra vai no embalo. Aos poucos uma nova
sociedade civil vai se formando, o aprofundamento do regime de liberdades e a
necessidade do capitalismo, neste estágio, exige aumento quantitativo e
qualitativo do mercado, moldam uma sociedade mais exigente e vigilante,
certamente. Mas tudo isso, embora alvissareiro, ainda é incipiente.
Lembrem-se, ainda tem gente e muita gente quebrando coco babaçu, fazendo
roça no toco, pescando na moita, enfim, gente vivendo com os pés e a cabeça na
idade quase da pedra lascada. Não esqueçam, nossa rede de organização social e
política, sindicatos, partidos e associações beira o corporativismo e o
assistencialismo.
O confronto político
ainda está reduzido, em grande parte - maioria absoluta -, sobretudo no
norte\nordeste na existência de grupos mais ou menos iguais ideologicamente,
apoiados em figuras místicas ou populares (populistas). No geral, não passam de
duas bandas ou dois Partidos, ou dois grupos, como queiram. Claro, é preciso
estimular a atuação de novos atores por conta dessas mudanças, mas também em
muitas situações, e aqui incluo a Chapada, diante do malogro de tentativas
últimas da sobrevida exclusiva de novos grupos políticos na cena eleitoral, às
vezes é melhor participar da política real como aliado daquele que mais se
aproxima do novo do que correr para a aventura.
Nada mais justo a
manifestação de um grupo de pessoas e até de partidos do campo democrático pela
participação na próxima eleição com candidatura própria. Mas entre o ideal e o
real, no geral, há um fosso de enorme profundidade, antes um mau acordo
político do que uma boa intenção que não leve a lugar nenhum, e ainda possa
correr riscos de atrasar cada vez mais o processo democrático e de participação
do popular na nova concepção de gestão pública que vai se formando.
Participar do pleito
politicamente é a palavra da vez na conjuntura política, mas como parceiro e
não como coadjuvante, há muitas formas para isto se concretizar basta
criatividade e altivez quando da consumação de eventual aliança. O negócio meus
amigos, é a formação destas alianças, geralmente as confundem com adesão, e aí
quem não se compromissa fica a reboque de quem tem mais força.
O fato, gente, é que por
estas bandas o pensamento do Padre Antonio Vieira a respeito dos talentos ainda
guarda traços de verdade: “Neste mundo conturbado, quem tem muito dinheiro,
por mais inepto que seja, tem talento e préstimos para tudo; quem não tem
dinheiro, por mais talento que tenha, não presta para nada.” Vieira
radicalizou, pensou com base na sociedade de seu tempo, mas tal pensamento
guardadas as devidas proporções encaixa-se no abordado acima, os traços do
atraso ideológico ainda persistem e só serão rompidos na convivência lado a
lado entre o novo e o velho.
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