Moradores
Entre os Escombros de Uma das Casas Destruídas
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A
poderosa empresa Suzano Papel e Celulose, que cerca Chapadinha com promessas de
milhões em investimentos e milhares de empregos, há muito ronda outros
municípios da região deixando rastro de conflitos agrários, suspeita de dano ao
meio ambiente e denúncias de grilagem de terras, desrespeito e truculência
contra trabalhadores rurais e comunidades tradicionais do Baixo Parnaíba.
A última
comunidade a ter problema com a Suzano recebe o nome de Formiga e fica a 45
quilômetros de Anapurus. Na sexta-feira (18) a empresa paulista conseguiu um
mandado de reintegração de posse em caráter liminar (provisório), com decisão de
juiz substituto proferida contra pessoas
que ocupam a área por pelo menos três gerações.
No
cumprimento da decisão judicial três casas foram postas abaixo, cercas foram
arrancadas, um antigo cemitério teria sido atingido pela derrubada de árvores e
um poste de iluminação fora quebrado pelos tratores que executaram o serviço.
A Suzano
diz na ação que adquiriu a terra em 1996, mostra uma cessão de direitos
registrada em seu favor no Cartório Monteles de Anapurus, datada no mesmo ano
de 1996 e documentos e taxas expedidos pelo INCRA com base na mesma cessão de
direitos.
Os
trabalhadores, quase todos herdeiros de Francisco Rodrigues do Nascimento, que constituiu família ali e tinha efetiva posse da terra há mais de
noventa anos. Segundo relatos foram gerações sobrevivendo da pequena
agricultura e do extrativismo (bacuri, pequi e babaçu) até a Suzano a reclamar
a terra.
Os
agricultores apresentam certidão do Cartório de 1º Ofício de Brejo em que a
demarcação das terras em favor da família tem registro desde 1966.
Agricultores
no Local Onde Havia Cerca
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Suspeita
de Grilagem
O advogado
dos agricultores é enfático em suspeitar de grilagem, “infelizmente por conta
de uma grilagem gigantesca, a Suzano e outras empresas de grande porte, que por
cá estão se assentando, vem promovendo um verdadeiro atentado às nossas famílias
do campo. De olho em terras, vem forçando uns e outros lavradores a deixarem
suas terras (seu mais precioso bem)”, frisou o advogado.
Atualmente
o Cartório de Anapurus passa por intervenção do Tribunal de Justiça por
suspeita de irregularidades em registro de terras e outros documentos.
Plantação
de Eucalipto Próxima a Área em Conflito
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Testemunho
Ancestral
Reunidos
para mostrar o saldo do conflito com a Suzano, o clima era de revolta entre os
agricultores. Homens, mulheres e meninos faziam questão de contar o drama e
mostrar destroços efetuados em nome da lei. Todo pedido pra fotografar destruição
era como se o clique da câmera pudesse reparar o estrago e cada narrativa tinha
a ilusão revisória de outorgar ao repórter poderes de inauditas autoridades.
Entre os
familiares do velho Francisco Rodrigues, uma filha Maria Rodrigues Portela e a
nora Eugenia Batista de Souza Nunes, as mais antigas moradoras, buscaram na
memória a vida na localidade ao longo do tempo e encarnavam o clamor de todos
por justiça.
Trabalhadoras
Lamentam Derrubada de Bacurizeiro
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Eugenia
Batista, 77 anos, conta que chegou na Formiga ainda muito nova e criou 13
filhos sem nunca sair da localidade. “Quando eu cheguei aqui já encontrei meu
sogro morando aqui. Aqui vi meu sogro viver e morrer, assim como meu marido que
também faleceu aqui. Esse tempo todo nunca vi meu sogro ou qualquer pessoa
vender as terras pra firma nenhuma”, relata Dona Eugênia.
Um ano
mais nova que a cunhada Eugênia, Maria Portela, disse que passou mal e foi
parar no hospital no dia do cumprimento da determinação judicial. Maria Portela
fala ainda do sacrifício da vida na agricultura: “criei meus filhos foi
trabalhando, quebrando coco, vendendo criação e fazendo tudo pra nós termos
onde morar com os filhos” disse.
Maria
Portela declarou que ainda confia na justiça e espera que os prejuízos sejam
reparados. Os agricultores tem auxílio de um escritório de advocacia da
capital, que deve recorrer da decisão nos próximos dias.
Prenúncio
Simbólico
O desfecho
do conflito da localidade Formiga, sendo mais um entre poderosa empresa
paulista e pequenos trabalhadores locais, é simbólico porque foi baseado em
certidão de cartório suspeito, proferido por juiz interino e executado de forma
desumana, numa escalada de desmandos que a pretendida expansão dos negócios da Gigante
do Papel e Celulose só tende a aumentar.
Poste
Quebrado por Trator (fora da área em litígio)
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Nota: Tentamos ouvir
a Empresa Suzano por meio de três diferentes números de telefone, nenhum deles
atendeu.
2 comentários:
E ainda tem insanos que defende o progresso com a entrada da Susano em Chapadinha. Quanta ignorancia quanto ao princípio do Desenvolvimento Sustentável previsto no Art. 225 da Constituição Federal. O Mais interessante é que quase ninguém defende a parte mais fraca da situação.
Manoel Almeida - Bacharelando em Direito
Caro Manoel,
Tem muita gente iludida com esse poder da Suzano. Aqui não se trata de impedir que ela venha se instalar aqui, mas quando desrespeitar os agricultores e agredir o meio ambiente terá deste blog o devido combate. Fico feliz porque a matéria já surtiu efeito: A Sociedade Maranhense de Direitos Humanos assumiu a causa das famílias da localidade Formiga. Grato pela participação sempre bem-vinda.
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