A equipe do JN no
Ar foi para o Maranhão, mostrar como é a vida em um município do estado que tem
o menor rendimento médio, segundo o IBGE.
A equipe encontrou
muita gente sofrendo, reclamando por falta d’água e também usando uma água
muito barrenta, que era só o que tinha. São brasileiros de Vargem Grande, no
interior do Maranhão, que mal ganham para comer. A TV Mirante teve participação
fundamental no trabalho, que começou nas primeiras horas do dia.
O avião do JN no
Ar voou três horas do Rio até São Luis, capital do Maranhão. A equipe chegou no
começo da madrugada e ainda não tinha amanhecido quando partiu para vargem
Grande. Uma viagem de duas horas pelas BRs 135 e 222, onde a equipe flagrou 15
pessoas na carroceria de uma caminhonete.
Vargem Grande tem
quase 50 mil habitantes, segundo o IBGE. Desse total, 36% da população vivem
com a renda de até R$ 70, patamar considerado de extrema pobreza.
É assim que Dona
Marlene vive. “A gente compra um quilo de carne, um fardo de arroz, e o que
sobra? Nada. Mas a gente ainda precisa da roupa, do calçado, da rede para
dormir”, lamenta.
A renda média
mensal dos moradores de Vargem Grande não passa dos R$ 156, segundo o IBGE. Boa
parte dos moradores depende de ajuda do Governo Federal. Nesta sexta-feira
(18), por exemplo, era dia de entrega do Bolsa Família. A fila era grande desde
as primeiras horas da manhã.
Para quem tem no
programa social a única fonte de renda, é difícil escapar da fome. Dona Maria
José e as duas filhas vivem com R$ 134, por mês, do Bolsa Família. Mas tem uma
hora do mês que o dinheiro acaba e a comida também. Há cinco dias, só tem arroz
para comer.
Em outra casa, pé
de frango é o único alimento da família. Pelas ruas do centro da cidade, esgoto
correndo a céu aberto. O mesmo acontece na porta do único hospital da cidade. A
falta de saneamento básico, que abrange coleta de lixo e redes de água e
esgoto, atinge mais de 50% da população.
O bairro de
Fátima, um dos mais pobres da cidade, fica na periferia de Vargem Grande. A
maior parte das casas é feita de taipa, não tem esgoto, a água corre pelo chão.
E o uso do banheiro é uma dificuldade.
As famílias cavam
poços atrás de água, mas não dá para usar porque tem muita sujeira no que
encontram. A maior parte dos moradores tem que buscar água a muitos quilômetros
de distância.
Uma família
depende do único açude na zona rural e só encontra água barrenta: “Nós não
temos outra opção, não temos poço, não temos nada. A água que temos é essa.
Nossa solução é essa daqui”, diz uma moradora.
“É um município
pobre e que não tem rendas próprias, infelizmente a gente tem que depender do
Governo Federal e do governo do estado para que a gente possa fazer alguma
coisa em benefício da população”, declarou Miguel Fernandes (PMDB), prefeito de
Vargem Grande.
A economia que
cresceu com base no comércio e na produção artesanal de cerâmicas, registra
índices altos de desemprego e violência.
Outra carência do
município de Vargem Grande é a educação. No povoado de Bananal, a única escola
para as dez crianças da zona rural tem parede caída, cadeiras e mesas
inadequadas para crianças pequenas e um teto que não protege da chuva.
O índice de
analfabetismo no município é considerado alto pelo IBGE. “Muitas vezes, eles
perguntam muito pela merenda. Que horas chega a merenda, se tem merenda, porque
estão com fome. Aí atrapalha muito porque, às vezes, eles vêm mais pensando na
merenda”, revela a professora Orlene Mesquita Silva.
Esta terra, onde
direitos básicos só são conquistados com muita luta, é um pedaço do Brasil que
muitos brasileiros não conhecem.
O governo do
Maranhão enviou uma nota à equipe do Jornal Nacional, segundo ele, dando
algumas explicações que influenciariam nesse resultado de o estado ter a menor
renda média familiar, de acordo com o IBGE.
Uma das
explicações seria o fato de que, no estado, as famílias têm muitas crianças e
adolescentes, o que significa menos gente trabalhando, por isso um salário
menor e renda mais baixa.
A outra explicação
seria a grande concentração da população na zona rural, onde os salários são mais
baixos e as rendas também.
O JN no Ar segue
par Vinhedo, no interior de São Paulo, um dos estados mais ricos da União, para
fazer uma comparação com Vargem Grande e mostrar as desigualdades sociais entre
as duas cidades, segundo dados do IBGE.
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