Por: Almir Moreira – Advogado
Nosso
Estado, Maranhão, foi noticiado como um dos mais pobres da Federação. Nosso
Município se encontra encravado numa de suas regiões mais pobres. Chapadinha,
cidade sede, se destaca na sua atividade comercial. Produzir mesmo, muito
pouco. Toda a comida vem de fora, nossa área rural mais parece o tempo das
cavernas, claro, cavernas sofisticadas, com luz elétrica para embalar o enjoado
reggae; moços imitam o mascarado Neymar e moças se vestem à la Britney (tudo
muito cafona, lógico). Este drama é do norte/nordeste. Mas daí dizer que
somos incapazes de dirigir nossos destinos não tem fundamento. Passar atestado
dizendo, aqui não tem ninguém para chefiar nosso Poder Executivo, pelo amor de
Deus! Precisar importar uma figura estranha para nos governar, haja paciência!
Nada contra o sujeito não ser chapadinhense da gema. Afinal, Zé Almeida,
Antonio Pontes, Sebastião Pinheiro, Bernardo Serra e tantos outros foram
prefeitos e eram de fora. Na Câmara, nem se fale o fato se repetiu. Mas todos
estes, talvez sejam mais chapadinhenses do que muitos que gostam de bater no
peito dizendo que o são. Misturaram-se com os daqui, conheceram e conhecem
nosso drama. Deixaram raízes.
Pois
é que o espírito do atraso falou mais alto na alma de alguns da política
partidária local, no meio do verão e agora no começo do inverno, inventaram o
nome de uma ex-promotora de justiça, moradora de São Luís, como apta a postular
o cargo de Prefeito da Chapada.
O
sistema político é democrático, nada impede esta pretensão, mas a casa é nossa,
a realidade daqui é nossa, estamos longe de ser cosmopolita. Conhecimento,
moral, aptidão, temos gente aqui de sobra com estes predicados, sem exaustão,
sem querer excluir outros, vou me deter só na figura de Raimundo Marques. Ganha
de goleada da ex-promotora da Chapada. Foi testado em quase tudo, foi Delegado,
Promotor, Secretario de Estado, Procurador, Presidente da OAB e o mais
importante, é cidadão exemplar.
A
ex-promotora é gente de bem e do bem, mas além de sua obrigação funcional,
exercida com acertos e desacertos – acertos predominaram -, durante o tempo
vivido por aqui não reuniu outras condições que a credenciem mais do que os
políticos tradicionais, novos políticos e gente como Raimundo Marques, como já
disse só a titulo de exemplo, ao posto de Prefeito.
Pegou
mal para os envolvidos no drama ou para alguns – estes às vezes nem aparecem-
na trama. Um se achou o rei da cocada os outros se acharam a cocada. Um disse,
deixem que eu os governo, vocês não conseguem fazer isto; outros disseram: que
venha alguém de fora estamos perdidos, o primeiro está sendo sabido e deve ter
até boa intenção, neste caso, os que os recebem cortejando-o se curvam, deixam
o DNA colonial falar mais alto. Alguns se esquecem, não compreendem ou a
viseira não lhes permite enxergar de lado, sem alianças na política por estas
bandas não se consegue nada, tudo continua reduzido a dois lados, Lula há dez
anos aprendeu isso, cansado de ser surrado nas urnas, não vacilou em se aliar
com os “socialistas” José Alencar e José Sarney. Passou o exemplo para todos,
infelizmente os amantes dos guetos não querem sair dele. Louvado seja na
política os PTs da “Articulação”.
3 comentários:
Incrível como uma pessoa sem “expressão” (ex-promotora), nem uma causa tanto atenção para os intelectuais da política LOCAL.
Dr Almir
Ainda que não concorde integralmente com o teor do seu texto, o parabenizo pela leveza e elegância com que o escreveu.
Abraços.
Adriana Cunha
Meu caro colega e amigo Almir Moreira
Acessando o blog do nosso amigo Alexandre Pinheiro, deparei-me com mais um lúcido e agradável artigo de sua verve. O nível de amizade que cultivamos, fraterna e desinteressada, não me permite imaginar, sob nenhuma hipótese, que os conceitos emitidos sobre minha pessoa não sejam sinceros. Dessa forma, é do meu dever agradecer as referências que só me animam a continuar adotando uma conduta marcada pelo respeito à sociedade e aos cidadãos, subordinando os meus atos sempre à ética e à moral, de cuja linha não permita Deus que eu me afaste. Fraternalmente. Raimundo Marques
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