Por:
Mayron Régis – Jornalista
Ele
passara muitos dias naquela região. Nem tinha ideia de quantos dias foram em
oito anos. Como esses dias se comportavam em sua mente e em seu espirito também
não sabia. De tantos dias, o ar empesteado pelas carvoarias se impusera como
norma. Contrariar isso de que forma? Quem se interporia entre as áreas de
Chapada e os plantios de soja e de eucalipto que as ameaçam? As Chapadas não se
repetem. Um trecho da Chapada destoa completamente de outro. Neste, coleta-se
bacuri. Naquele, coleta-se pequi. Sem esquecer a mangaba. Os pequizeiros se
concentram em ambientes mais secos. Os bacurizeiros se concentram em ambientes
mais úmidos. Com efeito, a relação entre espécies vegetais e o clima nunca foi,
devidamente, estudada. Acusou-se agricultura familiar de impactar o solo, o
clima e os recursos hídricos ao queimar ou desmatar pequenas áreas como,
geralmente, acontecia no Maranhão décadas passadas. O que dizer, então, dos
desmatamentos e plantios de monocultura em larga escala que as empresas
praticam nas bacias hidrográficas do rio Munim, Preguiças, Buriti, Magu e
Parnaiba? Quando alguém vê um bacurizeiro com cinquenta anos ou um pequizeiro
com duzentos anos nem sonha quanto tempo essas espécies levaram para se adaptar
ao clima e ao solo do Cerrado. O eucalipto e a soja se adaptaram em parte ao
clima e ao solo do Cerrado por obra e graça da ciência. Em favor das espécies
exóticas, as pesquisas encurtaram os panos do e os planos onde o tempo se
inscreve. Ganhou-se em produtividade e perdeu-se em biodiversidade, microclima
e recursos hídricos.
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