Matéria
do G1 Maranhão e TV Mirante Relaciona Prefeitos ou Ex-Gestores dos Municípios de
Brejo, Coelho Neto, Magalhães de Almeida, Nina Rodrigues, Tutóia, Urbano Santos
e Vargem Grande como suspeitos de envolvimento com o grupo acusado de mandar
matar o jornalista Décio Sá e comandar um esquema de agiotagem. Leia abaixo.
"As
investigações que apuram a morte do jornalista Décio Sá, executado a tiros há
um ano, desmontaram um esquema milionário envolvendo uma quadrilha de agiotas e
várias prefeituras maranhenses. De acordo com a Polícia e o Ministério Público,
o bando montava empresas de fachada para vencer licitações direcionadas e
utilizava ‘laranjas’, entre eles pessoas que já faleceram, como mostrou o JMTV
2ª Edição desta terça-feira (23).
As fraudes, segundo a polícia, envolveram
41 prefeituras municipais. Para financiar suas campanhas, os gestores contraíam
empréstimos com a quadrilha, que pegava dinheiro público como pagamento. Entre
elas Zé Doca, cidade com 50 mil habitantes, localizada na região oeste do
Estado e com carência graves em várias áreas.
O próprio ex-prefeito, Raimundo Nonato
Sampaio – conhecido como Natim, admitiu que, em 2008, realizou um empréstimo
com a quadrilha no valor de R$ 100 mil e que uma das empresas de Gláucio
Alencar, apontado como um dos chefes da quadrilha, ganharia uma licitação para
fornecer a merenda escolar à cidade.
Gláucio Alencar e o pai dele, José de
Alencar Miranda Carvalho estão presos desde o ano passado, acusados de serem os
mandantes da morte do empresário Fábio Brasil, em Teresina, um ex-sócio do
grupo, que deu um calote na quadrilha. Também são acusados do assassinato do
jornalista Décio Sá, que apontou, em seu blog, indícios da participação do
grupo no crime do Piauí.
Foi a partir
desses assassinatos que a polícia descobriu o esquema de agiotagem. Segundo as
investigações, o grupo agia sempre do mesmo jeito. Após pegarem empréstimos
para as campanhas, os prefeitos facilitavam a licitação para empresas fantasmas
dos agiotas, que eram contratadas para fazer serviços e fornecer produtos, como
merenda escolar e até reformas de prédios públicos.
A quadrilha também agiu fornecendo
medicamentos para os hospitais da cidade.
Outros documentos apreendidos na casa do
chefe da quadrilha, Gláucio Alencar, mostram que ele usava pelo menos 35
empresas que teriam sido montadas só pra participar de esquemas desse tipo.
Segundo a polícia, 41 prefeituras estariam
envolvidas nas fraudes. Alguns prefeitos, endividados, chegavam a assinar
cheques em branco da prefeitura para pagar os agiotas ou preenchidos e
endossados pelo prefeito para que os agiotas pudessem fazer os saques. O
dinheiro saía direto de contas de programas federais – como o programa nacional
de alimentação escolar (Pnae) e o Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
Dois desses cheques apreendidos são da
prefeitura de Arari, assinados pelo então prefeito José Antonio Nunes Aguiar.
Um deles, no valor de R$ 102 mil. O ex-prefeito não foi encontrado para falar
sobre o assunto.
Em poder da
quadrilha também foram encontrados cheques da cidade de Rosário, assinados pelo
ex-prefeito, Marconi Bimba. Não se sabe o tamanho das irregularidades
praticadas em cada município.
Em São Domingos do Azeitão, no sul do estado, somente um dos cheques
encontrados com os agiotas tem o valor total de R$ 780 mil.
Laranjas
As investigações mostram ainda a
participação de pessoas que eram utilizadas como ‘laranjas’. Uma delas é
identificada como Marly do Nascimento Carvalho, falecida em 9 de novembro de
2008. Ela aparece como uma das sócias da empresa JS Silva e Cia Ltda, que em
2010 venceu uma licitação junto à prefeitura de Olho d’Água das Cunhãs para
fornecer merenda escolar no valor total de R$ 324 mil.
O contrato social de outra empresa, a GAP
Factory, mostra Raimundo Nonato Almeida como um de seus sócios, ao lado de
Gláucio. Mas ele próprio disse que nunca foi empresário e que ganha a vida como
feirante."
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