segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

O CAMINHO PARA AS DROGAS


Por: Anaximandro Cavalcanti – Psicólogo

Frequentemente, o apresentador Leo Castro se indaga sobre os motivos que estão levando nossos jovens para as drogas. Em uma tentativa de resposta, elaborei este texto buscando bases psicológicas e sociológicas a fim de expor os motivos para esse comportamento.

Há, de fato, adolescentes que, por apresentam distúrbios psíquicos se envolvem com as drogas e o crime, mas são exceções. A grande maioria é produto do contexto em que vive, sofrendo violência explicita de morte e agressão; humilhação, privação material, violência física e moral, abandono familiar e falta de perspectiva de trabalho que retira desses jovens a possibilidade de inserção social. Essas condições, segundo a jornalista e filósofa Patrícia Pereira, são iguais às de uma pessoa que vive em situação de guerra. O que lhes é oferecido é um lugar ermo na sociedade.

Diante do olhar do outro, ele se ver sem valor e se desautoriza a lutar e não desejar mais pertencer à sociedade.

Toda essa hostilidade social gera um tipo de angustia mortífera, produzindo transformações importantes na subjetividade do jovem, que passa a viver por impulsos derivados da pulsão de morte (destrutivos) e o apagamento dos impulsos da pulsão de vida (construtivos). Esses são sentimentos de auto-aniquilação e vazio que acabam sendo preenchidos com as drogas. Genuinamente comportamentos de defesa que, em um movimento contrário fara eles quererem destruir o que lhe causa sofrimento, isto é, a sociedade. – Já que não posso conquista-la, irei destrui-la.

A história da sociedade esta cheia de exemplos desse comportamento, por exemplo, a geração beat e o movimento hippie da década de 60. O diferencial entre esses movimentos culturais e o que vemos hoje, estar justamente no objeto de contestação, hoje não se tem mais uma causa e nem uma ideologia para defender, a forma de contestar a sociedade e os valores tradicionais mudou muito, talvez porque essas duas não existam mais em seu contexto significante.

Como vive em situação de risco e tensão constante, necessitando sobreviver em um meio hostil, e com falta de perspectiva, o futuro fica em segundo plano. Dai a ideia de um curto horizonte de tempo, levando-o impulsivamente ao consumo e à aquisição de recursos de maneira mais iminente, já que o futuro é algo incerto. Como resultado a indiferença em relação ao futuro pode encorajar formas imprudentes e violentas de tomada de risco. Esta indiferença á a base do principio do DESCONTO DO FUTURO.

O DESCONTO DO FUTURO se assemelha com o que os poetas Arcadistas denominavam como carpe diem, ou seja, aproveite o dia e viva o momento presente intensamente. Sua sustentação teórica se encontra na integração de três teorias: Teoria Evolucionista dos Ciclos de Vida, Teoria da Seleção Sexual e a Teoria do Investimento Parental.

Outros fatores bastantes preditores do DESCONTO DO FUTURO são a taxa de expectativa de vida. Nossos jovens estão entregues à pobreza, em um mundo onde você só vale o que tem, sem vinculo empregatício e com baixa expectativa de vida, – esta igual à idade média, sem contar com fato de estarem entre eles as maiores taxas de homicídio, que envolvem sempre jovens do mesmo sexo revelando um contexto claramente competitivo, e quando na presença de testemunhas, além de mostrar competição, revela ser também de exibição.

A princípio isto pode parecer estranho. Entretanto, não podemos nos esquecer que os comportamentos são representações de programas mentais, frutos da expressão de genes, selecionados pelo processo evolutivo.

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