Por:
Anaximandro Cavalcanti – Psicólogo
Frequentemente,
o apresentador Leo Castro se indaga sobre os motivos que estão levando nossos
jovens para as drogas. Em uma tentativa de resposta, elaborei este texto
buscando bases psicológicas e sociológicas a fim de expor os motivos para esse
comportamento.
Há,
de fato, adolescentes que, por apresentam distúrbios psíquicos se envolvem com
as drogas e o crime, mas são exceções. A grande maioria é produto do contexto
em que vive, sofrendo violência explicita de morte e agressão; humilhação,
privação material, violência física e moral, abandono familiar e falta de
perspectiva de trabalho que retira desses jovens a possibilidade de inserção
social. Essas condições, segundo a jornalista e filósofa Patrícia Pereira, são
iguais às de uma pessoa que vive em situação de guerra. O que lhes é oferecido
é um lugar ermo na sociedade.
Diante
do olhar do outro, ele se ver sem valor e se desautoriza a lutar e não desejar
mais pertencer à sociedade.
Toda
essa hostilidade social gera um tipo de angustia mortífera, produzindo transformações
importantes na subjetividade do jovem, que passa a viver por impulsos derivados
da pulsão de morte (destrutivos) e o apagamento dos impulsos da pulsão de vida
(construtivos). Esses são sentimentos de auto-aniquilação e vazio que acabam
sendo preenchidos com as drogas. Genuinamente comportamentos de defesa que, em
um movimento contrário fara eles quererem destruir o que lhe causa sofrimento,
isto é, a sociedade. – Já que não posso conquista-la, irei destrui-la.
A
história da sociedade esta cheia de exemplos desse comportamento, por exemplo,
a geração beat e o movimento hippie da década de 60. O diferencial entre esses
movimentos culturais e o que vemos hoje, estar justamente no objeto de
contestação, hoje não se tem mais uma causa e nem uma ideologia para defender,
a forma de contestar a sociedade e os valores tradicionais mudou muito, talvez
porque essas duas não existam mais em seu contexto significante.
Como
vive em situação de risco e tensão constante, necessitando sobreviver em um
meio hostil, e com falta de perspectiva, o futuro fica em segundo plano. Dai a
ideia de um curto horizonte de tempo, levando-o impulsivamente ao consumo e à
aquisição de recursos de maneira mais iminente, já que o futuro é algo incerto.
Como resultado a indiferença em relação ao futuro pode encorajar formas
imprudentes e violentas de tomada de risco. Esta indiferença á a base do
principio do DESCONTO DO FUTURO.
O
DESCONTO DO FUTURO se assemelha com o que os poetas Arcadistas denominavam como
carpe diem, ou seja, aproveite o dia e viva o momento presente intensamente.
Sua sustentação teórica se encontra na integração de três teorias: Teoria
Evolucionista dos Ciclos de Vida, Teoria da Seleção Sexual e a Teoria do
Investimento Parental.
Outros
fatores bastantes preditores do DESCONTO DO FUTURO são a taxa de expectativa de
vida. Nossos jovens estão entregues à pobreza, em um mundo onde você só vale o
que tem, sem vinculo empregatício e com baixa expectativa de vida, – esta igual
à idade média, sem contar com fato de estarem entre eles as maiores taxas de
homicídio, que envolvem sempre jovens do mesmo sexo revelando um contexto
claramente competitivo, e quando na presença de testemunhas, além de mostrar
competição, revela ser também de exibição.
A
princípio isto pode parecer estranho. Entretanto, não podemos nos esquecer que
os comportamentos são representações de programas mentais, frutos da expressão
de genes, selecionados pelo processo evolutivo.
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