Em
mais de cinco anos, as comunidades do polo Coceira presenciaram o surgimento de
inúmeras hipóteses que ou confirmavam ou que desmentiam a versão propalada pela
Suzano que quase sete mil hectares do município de Santa Quitéria de fato lhe
pertenciam. Uma das primeiras versões, na qual as comunidades
logo se apegaram para prover de sentido sua luta pela regularização fundiária
do seu território, encartava documentos que comprovariam a aquisição de posses
de terras através da falsificação de assinaturas por parte da Paineiras.
As
comunidades do polo Coceira e as organizações da sociedade civil ousavam em sua
luta, contudo a gravidade da acusação em primeiro momento não forçou a Suzano
Papel e Celulose a recolher o seu maquinário de destruição como se viu em 2009.
Neste ano, as empresas terceirizadas da Suzano, depois de extenuarem a Chapada
na Barra da Onça, destacaram-se sobre as Chapadas do polo Coceira para
arrebentar a vegetação nativa. A informação sobre a falsificação das
assinaturas os privilegiou no contexto da bacia hidrográfica do rio Buriti,
justamente uma das bacias mais impactadas pelo avanço da soja no final da
década de 90, pois só com a posse dessa informação as quatro comunidades do
polo Coceira barraram os tratores bem no começo do serviço.
Nesse
caso, como em tantos outros, o governo do Maranhão se mostrava indisposto para
averiguar a procedência das acusações, afinal a acusação de falsificação de
assinaturas afetava diretamente o Iterma (Instituto de Terras do Maranhão). A
Suzano Papel e Celulose chegara primeiro as instancias governamentais através
dos políticos da região e de empresas como a Margusa/Marflora, empresa do ramo
de ferro-gusa, da qual ela comprara várias extensões de Chapada em boa parte do
Baixo Parnaiba. As Chapadas do povoado Todos os Santos e Marçal dos Onça,
município de Urbano Santos, memorizaram o processo avassalador de grilagem de
terras protagonizado por políticos de espectro e de aspecto regional como Nego
Garreto e empresas como a Margusa/Marflora. Num disparate desses, o que os
funcionários do Iterma menos queriam era ficar no fogo cruzado entre politicos,
empresa e comunidades. Eles se entenderiam por conta própria ou não se
entenderiam. O Nego Garreto distribuiu alguns trechos da Chapada para a
comunidade de Todos os Santos. A comunidade de Marçal dos Onça expulsou o Nego
Garreto e a Margusa/Marflora e no governo Jose Reinaldo Tavares teve mais de
2.000 hectares regularizados pelo Iterma.
A
Suzano contabiliza mais de cem mil hectares de terra no Baixo Parnaiba
maranhense e boa parte se origina na dúvida (na dúvida o Iterma propenderia a
Suzano, a Margusa e a um plantador de soja), como no caso da Chapada de Todos
os Santos, em Urbano Santos. A Suzano Papel e Celulose é sabedora desses fatos,
tanto que nunca contestou as acusações feitas pelas comunidades do polo
Coceira. Se havia ilicitude, aguardava-se que a empresa obtivesse
junto ao governo do Maranhão algum documento proveniente das profundezas de
algum cartório que resguardasse seus interesses em Santa Quiteria.
Colecionou-se outra versão mais recente que cogitava uma hipótese na qual a
Suzano comprara o polo Coceira da Margusa/Marflora. No entanto o que se
apreendeu com o relatório apresentado pelo Iterma em 20 de agosto de 2012 é que
a Suzano não possui nenhum hectare no polo Coceira. A empresa queria cantar de
galo em terreiro alheio.
Por:
Mayron Régis – Fórum Carajás
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