A chamada
deste texto que adaptei do conto “O Moleiro de Sans-Souci” (de François
Andrieux) cai como luva para a Chapadinha destes dias. Resumidamente a estória
relata o drama de um moleiro que tinha o seu moinho nas cercanias de um palácio cujo rei não queria o plebeu como vizinho. O súdito se opôs à
ordem e o soberano da Prússia quis saber o porquê da resistência. Foi quando o moendeiro disse-lhe a frase: “ainda há juízes em Berlim”, acreditando na justiça e em algum homem
com honradez e poder de julgar colocando-o em igualdade até com o Rei.
A Chapadinha
real de 2016 imita a literatura alemã dos idos de 1700 quando uma prefeita com rompantes
de rainha medieval avança sobre imóveis de cidadãos comuns contando com a passividade
destes e com o subjugo da justiça.
Nos castelos
de sonhos da gestora municipal – além do delírio de querer nomear delegados,
promotores e magistrados – todas as leis deveriam lhe autorizar a fazer o que bem
entender, seja com o patrimônio público ou com a propriedade dos outros.
Colocado
em seu devido lugar o discurso de Belezinha não foi mais que provocação arrogante
contra a justa limitação de seu poder, desagrado prepotente à observância da
lei e lamurias visíveis de seu despreparo para a vida pública.
Na arquibancada
dos acontecimentos, mas conscientes de seus direitos, os moleiros de Chapadinha
não esperam outra coisa do judiciário além de equilíbrio para que não recaia em
armadilhas e firmeza para que não incida em omissão.
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