Por: Alberto Dines – Jornalista
Um dia para entrar
na história: o século 21 não começou em primeiro de janeiro de 2000 nem em
janeiro de 2001. O novo século começou em 11 de setembro de 2001, há dez anos,
quando quatro aviões sequestrados por terroristas islâmicos derrubaram as
Torres Gêmeas em Nova York, destruíram parcialmente o Pentágono, em Washington,
e o quarto que deveria atingir a Casa Branca ou o Congresso foi desviado e
igualmente destruído.
Foi o maior ataque
terrorista de todos os tempos – 2996 mortos – e também o mais diabólico, ou
sofisticado, culminando uma escalada iniciada nos anos 60 no auge da Guerra
Fria. Guerra total, absoluta, sem limites nem fronteiras, não entre estados,
mas de uma facção contra uma sociedade desarmada e aberta, utilizando instrumentos
civis contra alvos civis. O mundo mudou às oito horas e quarenta e seis
minutos, hora de Nova York, de 11 de setembro de 2001: neste preciso momento
inicia-se a era do terror, a era do medo, o tempo do vale tudo e da violência
gratuita. Não há mais inocentes, todos são culpados e vulneráveis. O 11-S
converteu o suicídio em arma de destruição em massa. Levou uma superpotência
mundial a engajar-se em duas guerras regionais antecipadamente perdidas,
degradou o sistema republicano da mais sólida democracia do mundo e nela
instalou as sementes autoritárias.
O 11-S exibiu o
quanto a mídia pode ser instrumentada pelo terror. Sem uma gigantesca
repercussão, a intimidação terrorista não se completa. Como qualquer refém,
sequestrada pelo terrorismo, a imprensa obedece. Mas não pode aderir,
compactuar. O responsável pelo massacre do 11-S, Osama Bin Laden, foi punido e
eliminado em primeiro de maio deste ano, porém o seu tenebroso projeto está
mantido: nestes dez anos seus asseclas perpetraram cinco atentados contra
instalações humanitárias das Nações Unidas, o mais recente há duas semanas na
Nigéria. Pior: a Al-Qaeda converteu a religião em arma de guerra, intoxicando
de forma irreversível aqueles que seriam os naturais agentes da paz.
Um dia para entrar
na história. Na história de todos: história ao vivo, em cores, em tempo real.
Uma mudança que até hoje não foi inteiramente assimilada.
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