Por: Anaximandro Silva Cavalcanti - Psicólogo
Construir uma justificativa razoável para o voto não é um processo simples. Eleitores com níveis de instrução mais baixos, optam pelo caminho da simplificação para tomar decisões, por não possuirem instrumentos cognitivos necessários para decidir o seu voto a partir de uma interpretação mais ampla do cenário político. Esse eleitor deseja uma simplificação das relações de poder. O que ele faz ao votar? Procura no coletivo aquilo que o satisfaz individualmente. Se o candidato X aparece em primeiro nas pesquisas, se sua carreata é a maior, se em seus comicíos é maior o número de pessoas. Ele vota pela coletividade, “se todos falam de candidato X então é nele que voto”.
Esse eleitorado é mais suscetível à manipulação, e também mais vulnerável às estratégias que muitas vezes acompanham políticas de perfil assistencialista. Por sua vez, os eleitores pertencentes aos estratos médio e alto da sociedade, são menos vulneráveis ao “jogo de manipulação feito pela política” e, conseqüentemente, tendem a ser mais críticos com relação à sua avaliação geral.
Esse eleitorado que decide seu voto por paixão, e sem nenhuma visão do que seja verdadeiramente política, é ainda vitima da manipulação exercida pelos meios de comunicação usados como filtros de informação, que influenciem e alimentam a opinião pública. Esse controle da informação, é garantia de perpetuação no poder, já que, no momento em que o cidadão tem mais acesso à informação, tem maiores possibilidades de intervir na dimensão pública, o que é difícil para o Estado. “Se pensarmos em Maquiavel (1469-1527) quando publicou O Príncipe. Na obra Maquiavel fala, sobretudo, como o Príncipe deve melhorar seu relacionamento com o povo, de modo a dar uma idéia de ampliação os espaços de discussão na sociedade e, ao mesmo tempo, torná-los objetos de controle social”.
O mais interessante, é que, é justamente esse eleitor “emocional” que vai dizer mais tarde que não acredita em política, que vê com descrença os politicos, e que todos são corruptos, ora, a descrença na política diz respeito a como as pessoas vêem a classe política, e produz uma visão de mundo em que o espaço político é visto com pouca legitimidade, sevindo como pretexto para a acomodação. Essa posição tem a ver, com uma postura quase crônica dos indivíduos em se distanciar da memória política do seu meio, ou mesmo da história de sua cidade e de seu país.
Pois bem, não é à toa que nossos politicos locais resgatam a memória da coletividade para fatos ocorridos no passado para ganhar visibilidade para sua causa; distribuem peixes, mas não ensinam a pescar, nem sequer dizem onde pescam; gastam horas na caixa diálogo se desculpando de crimes e chuvas, se rasgam de elogios e beijam todos os passantes, se vestem de linho nobre e rezam, e oram e matam, e dizem e fazem juras de amor a todos nós chapadinhenses, e mais um ano se vai, um outro carnaval vem. E no proximo ano nos furtaremos ao deleite de ver vereadores batendo boca com picuinhas. Só isso, nada mais.
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