Por: Eduardo Braga - Vereador PT
Conforme equilibrada análise do advogado Almir Moreira em recente entrevista à rádio Mirante, três fatores determinaram a eleição de Belezinha. 1. A votação histórica que Isaías Fortes tem e não mediu esforços para transferir. 2. Desejo de mudança contra um governo mal avaliado. 3. Uso e abuso do poder econômico.
A força de Isaías Fortes é um fenômeno político que não pode ser analisado assim num pequeno texto num blog, e quanto ao flagrante abuso do poder econômico a Justiça vai se pronunciar muito em breve. Quero comentar é a promessa de mudança, tão presente nos discursos dos palanques e tão falha na prática.
Empossada no cargo, a prefeita inchou a folha de pagamento com centenas de contratos ilegais para cumprir os acordos que fizera para ser eleita. E aqui é que entra o meu questionamento. Seria eleita sem se comprometer em transformar a prefeitura num cabide de empregos? Não é uma pergunta retórica, eleitor. É dúvida mesmo.
Não é possível fazer um bom governo com os compromissos que a prefeita fez para se eleger, isso é certo, mas será que alguém conseguiria ser eleito prefeito(a) sem fazer tais compromissos? Algum candidato a prefeito poderia desfilar pela cidade dizendo que o acesso aos empregos na prefeitura devem ser, em cumprimento à lei, por meio de concurso público? Alguém seria eleito prefeito dizendo a cada eleitor que não pode lhe dar "uma ajuda" com sacos de cimento, milheiros de telha e de tijolo, receitas médicas, combustíveis, mudanças e toda sorte de pedidos que os eleitores fazem e que são expressamente proibidos por lei aos candidatos?
Como já disse, a prefeita que está aí não me parece uma pessoa ruim. É, como um soluço, um mal menor e passageiro, talvez até mais passageiro do que se pensa. Prometeu mudança, mas se elegeu num sistema viciado, governa como todos os outros tentando compensar as perdas da campanha. E quando ele passar, caro leitor, vamos eleger outro prefeito com essa mesma cultura política? Virá outro endinheirado prometendo mudanças, mas distribuindo "ajudas" e se comprometendo em usar a máquina pública com o mesmo patrimonialismo de sempre?
"Talvez" o problema não seja Belezinha, hein. A classe política que nós temos é consequência da sociedade que somos. Não adianta reclamar dos "políticos" e alimentar esse ciclo vicioso. Mais importante do que se opor a A ou B é romper com essa forma de fazer política.
Os empregos na estrutura da prefeitura devem ser o mínimo possível para que possam haver investimentos e gastos públicos dentro do município (sem funil) para fazer o dinheiro circular na cidade e reabilitando nossa economia. É claro que o cidadão que se emprega na prefeitura por meio de concurso ou no mercado local porque a economia vai bem não guarda gratidão ao gestor como aquele que é "agraciado" com um contrato, mas é em situações como essa que se diferem os políticos comuns, que pensam na eleição seguinte e acabam fazendo mal a si e ao local que governam, e aqueles grandes políticos que pensam na geração seguinte, em fazer aquilo que é o bem para a cidade e terão êxito (ou não) nas urnas como consequência do bem que fizeram para o coletivo.
Não é fácil, mas é necessário. O Sermão da Montanha nos ensinou que "larga é a porta e espaçoso é o caminho que conduz a perdição. E muitos entram por ela". Foi também a escolha desta prefeita.
Chapadinha elegeu uma candidata prometendo mudanças e abusando do poder econômico. Espero que o fracasso desse governo não desacredite diante do povo a possibilidade de mudanças, mas sim qualquer candidato que tentar fazer do dinheiro seu principal cabo eleitoral.
Nenhum comentário:
Postar um comentário