Jornal "O DIA"
A partir das investigações da morte da estudante Fernanda Lages, a Polícia Federal começa a colher indícios de outros crimes, que podem ser o pano de fundo do suposto assassinato. A existência de uma rede de prostituição por trás da morte da estudante já ganha contornos reais. A PF chegou a pelo menos dois deputados estaduais do Maranhão que supostamente conhecem a estudante Nayra Veloso, a Nayrinha, presa no último dia 15, e que teriam ligação com um esquema de garotas de programa de luxo em Teresina.
A partir das investigações da morte da estudante Fernanda Lages, a Polícia Federal começa a colher indícios de outros crimes, que podem ser o pano de fundo do suposto assassinato. A existência de uma rede de prostituição por trás da morte da estudante já ganha contornos reais. A PF chegou a pelo menos dois deputados estaduais do Maranhão que supostamente conhecem a estudante Nayra Veloso, a Nayrinha, presa no último dia 15, e que teriam ligação com um esquema de garotas de programa de luxo em Teresina.
Segundo
apurou ODIA, um dos
deputados que estão na mira da PF seria o vice-presidente da Assembleia
Legislativa do Maranhão, Marcos Caldas (PRB), o Marcos Play, que assumirá, no
próximo dia 07, o governo daquele Estado, por dez dias, em função de uma viagem
da governadora Roseana Sarney (PMDB) aos Estados Unidos.
A PF está investigando, ainda, a
ligação do escritório de advocacia "Francisco Ramos e Ronaldo
Ribeiro", de São Luís (MA), responsável pela defesa de Nayrinha, com esses
deputados e a suposta rede de prostituição.
Ronaldo Ribeiro, dono do
escritório, é advogado e amigo pessoal do deputado Marcos Caldas. Ronaldo diz
que os dois vinham a Teresina com frequência. "Além de ser advogado dele,
o Marcos Caldas é meu irmão, meu amigo pessoal. A gente já esteve várias vezes
em Teresina juntos. Ele é do município de Brejo, que é muito próximo de
Teresina, e eu tenho negócios aí, parcerias com outros escritórios de
advocacia", afirmou.
De acordo com Ronaldo, a última
vez que os dois estiveram na capital de Piauí faz 3 ou 4 meses. O advogado
disse que ele e o deputado ficavam hospedados sempre num luxuoso hotel da
cidade e costumavam frequentar boates na capital. "Temos muitos amigos em
Teresina, os meninos donos das boates. A gente sempre gostou de ir a Teresina.
Não vamos negar, não. Tenho mais amigos em Teresina do que em São Luís",
disse.
Ronaldo reafirma que conheceu
Fernanda Lages e que é amigo de Nayrinha e de outras garotas que faziam parte
do círculo de amizade da vítima. "Eu conheci a Fernanda através da Nayra,
que eu já conhecia há cerca de 2 anos; já a Fernanda, há pouco tempo. Eu tive,
na realidade, uns dois contatos com a Fernanda, só, em Teresina mesmo. Mas não
tinha muito contato de amizade com ela, não; com a Nayra, sim. A Nayra, depois
da nossa amizade, até já veio a São Luís, a nosso convite. A gente tinha uma
amizade bacana. Ela é uma pessoa gente fina", contou.
Quando informado do rumo que as
investigações da PF estão tomando, Ronaldo reage: "Eu acho que a Polícia
Federal devia estar se preocupando era em dar resposta à sociedade e não fazer
uma ilegalidade de prender uma menina dessa (Nayra) ou perder o tempo deles
investigando o meu escritório ou propriamente o deputado Marcos Caldas".
De acordo
com informações obtidas por ODIA, Marcos
Caldas teria estado em Teresina no dia da morte de Fernanda. Ele teria se
hospedado nesse mesmo hotel onde costumava ficar e recebido, nesse dia, garotas
de programa. Essas mulheres seriam amigas de Nayrinha.
Ronaldo contesta: "Nesse
dia, nós estávamos em São Luís. Certeza absoluta. Fazia até tempo que a gente
não ia a Teresina, quando aconteceu isso aí. Eu lembro muito bem de quando
soube que a Fernanda tinha morrido. Fiquei perplexo. Agora, eu já estou até
estranhando: eu, de advogado, passei a investigado".
O advogado
nega que Caldas conheça Nayrinha e que o tenha contactado para realizar a
defesa da jovem. "Não houve pedido de nenhum político, de gente
importante. O Marcos Caldas nem conhece a Nayra. Não sei se ele conheceu a
Fernanda, mas Nayra, ele não teve contato algum com ela, não. Ele até fez um
desafio: se ligassem ele a esse negócio de raparigagem (sic),
renunciava ao cargo", frisou.
Ronaldo sustenta que só assumiu a
defesa de Nayrinha porque "ficou sensibilizado" com o pedido de sua
mãe. "Vi que a Nayra estava presa, aí liguei para a Paula (Ramos), uma
amiga em comum. Ela me contou da situação da Nayra, que não tinha advogado.
Sabe aquela coisa que a gente faz por educação, por amizade? Eu disse: 'Se
precisar, eu estou à disposição'. Não demorou 10 minutos, a mãe dela me liga,
me pedindo, pelo amor de Deus, para ajudar", ressaltou.
Para Ronaldo, nos autos,
"não tem provas nem fundamentos que ainda possibilitem a permanência da
Nayra na prisão".
O advogado disse, ainda, que não
teme ser investigado pela PF. "Se eles quiserem, eu dou o telefone da
minha casa, do meu escritório. Podem interceptar, eu autorizo agora. Agora, vai
perder tempo. A Polícia Federal está perdida. É melhor a polícia fazer o
seguinte: dar a cara a tapa, ver que não tem indiciado, ninguém conseguiu nada,
e encerrar o processo".
A
reportagem de ODIA ligou diversas vezes na manhã de hoje
(23) para o deputado Marcos Caldas, mas ele não atendeu às ligações. O advogado
Ronaldo Ribeiro e o próprio assessor de imprensa do parlamentar, Altemir
Coelho, informaram a ODIA que Caldas se encontra em Brasília e
só deverá retornar a São Luís no final de semana.
Marcos Caldas assumirá o Governo
do Estado do Maranhão, interinamente, porque nem o vice-governador, Washington
Luis Oliveira (PT), nem o presidente da Assembleia Legislativa, Arnaldo Melo
(PMDB), nem o presidente do Tribunal de Justiça do Maranhão, desembargador
Guerreiro Júnior, querem tomar posse, no período em que Roseana vai estar
viajando. Os três ou são pré-candidatos nas eleições deste ano ou têm parentes
nessa condicão e, por isso, receiam a inelegibilidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário